Uma das coisas mais difíceis deste hábito lunar é a falta de sinceridade, ou seja, a sensação de risco que experimenta a pessoa ao dizer a verdade ou ao enfrentar uma situação de forma franca. Por certo, isso foi muito perigoso na infância quando ao embelezar a realidade era premiado e ao desnudá-la castigado, mas o mecanismo leva a que estas associações sejam vividas como reais na idade adulta. A única possibilidade de ter que enfrentar um conflito vincular - ou inclusive uma simples confrontação - faz com que estas pessoas fiquem iludindo as suas definições, ou muito comumente, digam algo para não ficarem mal. Como é previsível, logo farão outra coisa completamente diferente ao não conseguir sustentar aquilo que a Lua lhes “obrigou” amavelmente a dizer. Recordo uma amiga com o Sol em Escorpião e a Lua em Libra, a quem acompanhei em uma oportunidade para conversar com uma sócia circunstancial, com a qual havia tido enormes diferenças de critérios em seus negócios. A escorpiana estava muito enojada, estava realmente furiosa e dizia coisas terríveis sobre a outra, no caminho até a oficina desta mulher. Quando chegamos, a suposta vítima realizou o gesto exato para ativar a Lua em Libra: recebeu-nos com “cafezinho”... Ao criar esta situação amável, disparou o feitiço e minha amiga, entre uma coisa e outra começou a dizer: “bom, em princípio estou muito satisfeita com esta sociedade que estamos estabelecendo, se bem que há alguns pontos que teremos que discutir, quem sabe o faremos em outra oportunidade...”. Durante o resto da conversa - em que traçavam planos para novos projetos - o Sol em Escorpião só pode se manifestar através de algumas faíscas carregadas de ironia. Quando chegamos no carro o Sol emergiu do feitiço da Lua, voltou a enfurecer-se e desta vez, logicamente, não só com a sócia mas consigo mesma. Posteriormente não cumprir com nada que foi acordado e finalmente houve a ruptura por desgastes e evasão do vínculo. Aqui se vê novamente o “comportamento de avestruz” dos mecanismos lunares: se não vejo o conflito, então este não existe. É muito comum que estas pessoas tão encantadora e amáveis, que possuem a arte de tratar bem todo mundo, ciclicamente terminem desenvolvendo condutas ilusórias e decididamente pouco sociáveis. Mas como estão baseadas na evasão e na não confrontação direta daquilo que os outros pensam delas, se comportam como se o conflito não existisse.
No fundo o mais grave neste mecanismo é, a meu juízo, que esta relação com o mundo “externo” reflita um vínculo interno. A pessoa se faz totalmente difícil dizer a verdade a si mesma. Enquanto o mecanismo está vigente - ou cada vez que a comoção emocional o dispare - enfrentar as coisas como realmente são é um compromisso que uma parte da pessoa não quer assumir. Não pode escutar a verdade e tão pouco é capaz de dizer aos outros; e se não pode evitá-la, tratará de embelezá-la e, sobre tudo, postergar o momento de enfrentá-la diretamente.
Reconhecer nossos aspectos escuros é algo que a todos resulta difícil, mas a uma Lua em Libra produz um vazio emocional e uma insegurança ainda mais mascarada que nos demais. Isto não quer dizer que a pessoa seja mentirosa e sim que busca o momento harmonioso e perfeito em que os conflitos possam ser enfrentados com tanta comodidade e amplitude de ambas as partes, que o acordo fique assegurado. Pospor decisões até o momento em que a resolução apareça como desejada naturalmente por todas as partes, é uma arte libriana, mas no mecanismo lunar isto não nasce através de uma amplitude real e sim como resposta ao temor e a insegurança desta criança assustada que sente que cometeu um erro.
Outro fator complexo que pode aparecer, é que a identidade afetivizada fica ligada basicamente a qualidades estéticas - beleza, elegância, refinamento - e ao encanto e a amabilidade. A pessoa se sente querida por sua beleza e sua sociabilidade, não por sua inteligência, por seu dinamismo ou caráter. Isto é quase sempre mais forte nas mulheres, que podem ficar inconscientemente identificadas com o estereótipo da “bonequinha”. No seu imaginário emocional, não encontram segurança alguma nas outras qualidades que possuem, porque o afetivizado é ser “linda e agradável” e fora dali só existe o vazio. Assim é como o vinculado a potência, a força, a iniciativa, a capacidade intelectual ou a criatividade, é experimentado como inseguro. Apoiar-se nesses atributos seria sair completamente da Lua, e como tal, emocionalmente perigoso.
11 comentários:
Ótimo blog! bom tenho uma duvida é que minha lua em libra esta a 2 quase 3 graus bem no começo, gostaria de saber se ta certo ou por ela esta no começo ela ainda pode estar sob influencia de virgem..
Amei o texto! Tenho sol em aries e ascendente em sagitário, a minha lua em libra faz com que eu equilibre muito a sinceridade beirando a grosseria dos dois signos
Infelizmente tudo isso é verdade sobre mim. Tenho lua em libr ano meio do ceu, junto com marte, mercurio e lilith. Apesar de ter sol em escopiao me sinto superficial, hipocrita e muito apegada À aceitação da minha aparencia. Luto contra isso :(
Nossa!!! Fui definida!! Tenho sol em Escorpião e lua em Libra e tenho uma imensa dificuldade de dizer o que sinto para as pessoas. Isso me deixa muito frustrada. :/
Grata por seus comentários.
Tenho a Lua em Libra na X casa e não bateu comigo... Só me trouxe muito sucesso e reconhecimento...
Lua em libra em conjunção a Ketu na casa 9 e vênus em aquário no asc. Hoje me dia já consegui me desprender um tanto da insegurança lunar, mas é difícil sair da ilusão de mundo perfeito desta lua.
Muito obrigada por esse texto, me identifiquei muito.
Também tenho sol em escorpião e lua em libra :)
Tenho a Lua em Libra , sol em virgem e meu ascendente é capricornio.jupiter em Libra venus em libra. Sinto muita insegurança , gostaria de saber se venus ou jupter amenizam isso?
Me identifiquei muito, tenho sol em aquário, ascendente em touro e lua em libra. Infelizmente essa questão de postergar o confronto é dessa maneira. Parabéns pelo texto.
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