Enquanto a determinação dos ângulos não apresenta muitos problemas, o modo como os quatro ângulos deveriam (ou não) ser divididos em três setores para formar as doze casas é uma das maiores controvérsias na astrologia.
Em termos gerais, parece haver concordância de que a linha do horizonte - o eixo Ascendente-Descendente - é a base sobre a qual deve se basear a divisão de uma carta em casas. Em outras palavras, a maioria dos astrólogos concorda em que o Ascendente deveria marcar a cúspide ou ponto inicial (ou ângulo principal) da 1ª Casa e o Descendente deveria marcar a cúspide ou ponto inicial da 7ª Casa. Isso feito, os astrólogos se dispersam em todas as direções. Aqueles que apóiam o Sistema de Casas Iguais de divisão de casas apresentam a solução menos complicada. Chamando o Ascendente de "cúspide da 1ª Casa", eles simplesmente dividem a eclíptica em doze casas de igual tamanho, com 30º cada uma. Assim, se o Ascendente estiver a 13º de Câncer, a 2ª Casa estaria a 13º de Leão, a 3ª Casa a 13º de Virgem etc. No caso de cartas com Casas Iguais, o Meio-do-Céu não coincide necessariamente com qualquer cúspide de casa.
No entanto, no sistema Quadrante de divisão de casa, todos os quatro pontos dos ângulos correspondem a cúspides de casas: o Ascendente se toma a cúspide da 1ª Casa, o Fundo-do-Céu é a cúspide da 4ª Casa, o Descendente é a cúspide da 7ª Casa e o Meio-do-Céu é a cúspide da 10ª Casa. Mas a maneira como deveriam ser calculadas as cúspides das casas intermediárias (isto é, as cúspides da 2ª, 3ª, 5ª, 6ª, 8ª, 9ª, l1ª e 12ª casas) provoca uma série de perguntas. Em alguns desses sistemas, o espaço é dividido para determinar estas cúspides; em outros, o tempo é o fator sobre o qual se faz a divisão. Uma mais ampla discussão deste item de divisão de casas está incluído no Apêndice 2. Pessoalmente, e por razões que explico no Apêndice, prefiro o sistema Quadrante ao de Casas Iguais e pelo que me proponho neste livro, relaciono geralmente a cúspide da 10ª Casa ao Meio-do-Céu e a cúspide da 4ª Casa ao Fundo-do-Céu.
Seja qual for o sistema que escolhermos, o que queremos é chegar às doze casas. Por que doze? A razão mais óbvia para isso é que os astrólogos acreditavam que a divisão da esfera mundana em doze casas deveria refletir a divisão da eclíptica em doze signos. Rudhyar nos oferece uma resposta mais filosófica. Ele argumenta que cada quarto da carta (como definido pelo Ascendente, Fundo-do-Céu, Descendente e Meio-do-Céu) deveria ser dividido em três casas porque "qualquer ato da vida é basicamente dividido em três (tríplice), inclusive a ação, a reação e o resultado dos dois". Em sua opinião, então, a 2ª e a 3ª casas confirmam o significado do Ascendente e da lª Casa; a 5ª e 6ª casas completam aquilo que se iniciou no Fundo-do-Céu e na 4ª Casa; a 8ª e 9ª casas continuam aquilo que começou no Descendente e na 7ª Casa; e a 11ª e 12ª casas complementam aquilo que se iniciou no Meio-do-Céu e na 10ª Casa. Além de justificar a necessidade das doze casas, a maneira de raciocinar de Rudhyar nos ajuda a avaliar o fato de que o significado e a importância de cada casa provém logicamente da anterior. Mais adiante vamos falar mais a respeito do processo cíclico das casas.
As casas são tradicionalmente contadas no sentido anti-horário a partir do Ascendente. A 1ª e a 7ª casas estão sempre opostas uma à outra - isso quer dizer que o signo que estiver na cúspide da 7ª Casa será o signo oposto àquele que está na cúspide da lª Casa, e o grau da cúspide também será o mesmo. Esta mesma regra se aplica aos outros pares de casas opostas: a 2ª e a 8ª, a 3ª e a 9ª, a 4ª e a l0ª, a 5ª e a 11ª, a 6ª e a 12ª.
Martin Freeman faz a relação entre os signos do zodíaco e a divisão em doze partes das casas mais claras pintando o zodíaco como uma "grande roda que envolve a Terra e pela faixa da qual se movem os planetas". Esta roda é focada contra um fundo de céu, e os signos são marcados dentro dos raios. As doze casas são como os "raios de uma roda que gira sobreposta a uma roda maior". Os raios das casas fazem um círculo completo em 24 horas alinhados com à rotação diária da Terra. A maneira especial pela qual a roda das casas se relaciona com a roda do zodíaco no lugar e na hora do nascimento é o que torna o mapa único para cada indivíduo.
Uma vez que a Tema faz um movimento de rotação a cada 24 horas, os doze signos e os dez planetas passam através das doze casas neste período. O mapa de nascimento é um momento congelado no tempo que mostra o alinhamento especial de planetas, signos e casas para o tempo e o lugar do nascimento. Duas pessoas podem ter nascido no mesmo dia e ter o mesmo posicionamento de planetas, mas por terem nascido em lugares diferentes ou em horas diferentes, o padrão planetário vai ser visto numa área diferente do céu, isto é, em casas diferentes.
Até agora, dividimos o espaço em signos, o tempo em quatro quadrantes e os quatro quadrantes em doze casas. Chega de dividir, por enquanto. É tempo. de dar um significado às casas e considerar as relações de uma com a outra e com as nossas vidas.
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