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Plutão na 12ª Casa

Com Plutão na 12ª Casa há uma necessidade premente de trazer o que é fraco, oculto ou não revelado na psique para uma análise mais clara. Como com Plutão na 8ª Casa, algumas pessoas podem ter tanto medo de serem sobrepujadas pela natureza ou pela intensidade de seus mais profundos desejes e complexos que exercem um rígido controle sobre eles. No entanto, muitas vezes não apenas impulsos "neuróticos" são suprimidos mas também desejos saudáveis e positivos. O psicólogo Abraham Maslow mostrou que muitas pessoas não evitam aquilo que julgam negativo dentro delas, mas também bloqueiam o que é "divino" e louvável. Ele chama a isso de "complexo de Jonas": o medo de nossa própria grandeza. Por experiência própria, certos indivíduos com Plutão na 12ª Casa defendem-se não só contra os assim chamados desejos "baixos" ou carnais, mas também dos impulsos positivos tais como desejos de desenvolver "melhores" possibilidades mais completamente ou de realizar melhor suas potencialidades inatas. Para parafrasear Maslow, eles têm medo de tornar-se aquilo que vislumbram em seus momentos de maior perfeição. Por quê?

Laconicamente, a resposta é ansiedade da morte. Qualquer mudança torna-os muito ansiosos, pois ela significa a dissolução daquilo que já sabem que são. O crescimento requer inevitavelmente a quebra de padrões existentes ou o abandono de tudo o que nos é familiar, e em algum nível profundo eles comparam esse tipo de mudanças à própria morte. Uma parte deles anseia desesperadamente por crescimento e desenvolvimento, enquanto a outra parte fica de plantão para proteger o que eles inconscientemente acreditam que esteja tentando matá-los. Até que se situem e façam as pazes com o profundo pavor existencial de não-ser, eles ficarão dirigindo seu medo para qualquer coisa que pareça tentar mudá-los. Até que saibam que têm medo de morrer, não podem viver de forma plena.

Roberto Assagioli, o fundador da Psicossíntese, uma abordagem transpessoal do desenvolvimento humano, nasceu com Plutão em Gêmeos na 12ª Casa. Acreditando que Freud concentrou-se demais apenas nos "alicerces" do ser humano, Assagioli planejou seu próprio sistema psicológico, que considera todos os andares da construção. Um principio básico da Psicossíntese reflete o significado de um Plutão de 12ª Casa: que todos os elementos da psique - tanto o claro como o escuro - podem ser conscientemente reconhecidos, experimentados, aceitos e integrados ao conhecimento. Através da análise de sonhos, de introspecção, de terapias e de vários exercícios e técnicas, quem tem Plutão na 12ª Casa pode soltar a energia fechada em complexos inconscientes e redirecioná-la para o fortalecimento e a construção da personalidade como um todo, incluindo suas faculdades "mais elevadas" tanto intuitivas quanto emocionais. Contanto que possam derrubar e lidar com sua ansiedade em relação à morte, as pessoas com Plutão na 12ª Casa estão muito bem equipadas para procurar o que está fraco, bloqueado, escondido, ou aquilo que está faltando na psique. Na verdade, não existe local mais apropriado para exercitarem a natureza investigativa inata de Plutão do que a casa dos "inimigos secretos" e as "atividades por baixo do pano". E antes de ficar esperando que raivosas ou negligenciadas partes de suas próprias psiques saiam atrás delas, são muito aconselhadas a sair à caça delas primeiro.

Na 12ª Casa, a energia destrutiva associada a Plutão pode ser usada para remover o que é obsoleto em detrimento de um novo crescimento. Ou sua energia destrutiva pode ser deslocada de uma forma inadequada e solta traiçoeiramente, voltando-a perigosamente contra si mesmos. A dificuldade dos que têm Plutão na 12ª Casa, no entanto, é que eles não estão simplesmente lidando com seu inconsciente pessoal, mas com o inconsciente coletivo.

Um modelo médico contemporâneo teoriza que bactérias e viroses nocivas estão sempre presentes no sistema físico, mas que a pessoa saudável ou forte tem capacidade para se defender delas. Da mesma maneira, a tensão existe em toda a sociedade, mas algumas pessoas têm mais habilidade que outras para prevenir-se, evitando que entrem em seus sistemas. Quem tem Plutão na 12ª Casa é mais sensível ao que é sombrio, destrutivo ou irresistível na atmosfera do que outra, digamos, que tenha uma Vênus bem-aspectada na 12ª Casa. Enquanto uma Vênus ali pode achar que "há romance no ar", o que um Plutão sente neste posicionamento? Alguns deles podem ser inconscientemente "tomados" por aquilo que outras pessoas reprimiram - impulsos sexuais, ódio, hostilidade etc. Não é nada incomum uma criança com este posicionamento, por exemplo, fazer o papel de bode expiatório da família ou de "o paciente identificado". Quando há muita tensão no lar, ela é que fica doente ou põe fogo na escola. Começar uma conflagração serve a dois propósitos: dá uma expressão concreta às emoções que ela sente ao seu redor e serve também para afastar os pais de seus problemas interpessoais. Quem tem Plutão na 12ª Casa pode dar mais sentido às suas ações e a seu comportamento quando vê aquilo que faz e sente em ralação a um esquema mais amplo.

A 12ª Casa representa uma integridade maior com o todo do qual saímos e para o qual nascemos; Plutão ali precisa contentar-se com os mais desagradáveis aspectos de sua herança: a sombra coletiva, aquela que a sociedade como um todo acha feia e inaceitável. Eles são chamados para tomar conhecimento, para integrar e, se possível, transmutar a raiva, o ódio e o instinto de destruição acumulado durante séculos. Neste sentido, estão carregados do lixo da sociedade. Ou põem para fora a sombra coletiva, soltando com isso a energia acumulada, ou guardam tudo dentro de si e encontram alguma maneira de transformá-la e de redirecioná-la de uma forma criativa. Dois exemplos devem esclarecer bem o que isso significa. Albert Speer, o nazista que serviu no Ministério da Guerra, cuidando da produção de armas para Hitler, nasceu com Plutão na 12ª Casa, regente de Escorpião na 5ª, a casa da auto-expressão. Era ele quem fornecia as armas, no sentido quase literal, armas através das quais o ódio e a agressão coletivas podiam se expandir. 

Algumas pessoas com Plutão na 12ª Casa podem trabalhar para transformar instituições arcaicas, ou fazem campanhas para modificar leis que não funcionam mais como deveriam. Muitas vezes, de modo misterioso ou obscuro, elas facilitam mudanças no nível coletivo. Num questionário organizado por Marilyn Ferguson, autora de The Aquarian Conspiracy ("A conspiração aquariana") havia a pergunta de quem tinha influenciado mais a sua vida. Encabeçando a lista, estava Pierre Teilhard de Chardin, com cinco planetas, inclusive Plutão, na sua 12ª Casa (Assagioli também estava mencionado em 7° lugar).

Periódicos afastamentos podem ser necessários, a fim de ordenar complexos emocionais causados pelas interações sociais. Eles podem ser significativamente afetados por brigas com instituições, tais como o confinamento em hospitais ou prisões. Assagioli (Plutão em Gêmeos na 12ª Casa) foi posto na prisão nos anos 30 porque sua crença humanitária e filosófica ameaçava o governo fascista da Itália na época. Ao ser solto, contou aos amigos que esse havia sido um dos períodos mais benéficos e criativos de sua vida. O escritor americano O. Henry passou três anos na cadeia escrevendo alguns contos dos mais apreciados na América; ele tinha Plutão na 12ª Casa.

Como sugerem esses exemplos, Plutão aqui propicia a capacidade de transformar uma crise em algo produtivo e prático, ou fazer o melhor da mais limitadora ou restritiva das circunstâncias. Assagioli escreveu que muitas vezes é durante as crises que a pessoa descobre a vontade (Plutão), despertando para o conhecimento de que ela é um "sujeito vivo, um agente, dotado do poder de escolha". Mesmo que quem tenha Plutão na 12ª Casa não possa mudar uma situação infeliz, ele ainda pode escolher que atitude tomar diante dela. Ele tem a capacidade de aprender com os erros e os revezes e de entender á necessidade de terminar um ciclo ou fase da existência para que outro possa começar. A este respeito, um Plutão de 12ª Casa lembra um dos ditos de Nietzsche: "O que não me mata, torna-me mais forte”. Mesmo o sofrimento e a dor podem fazer sentido, se tornam a pessoa mais íntegra.

Escorpião na cúspide ou contido na 12ª é semelhante a Plutão ali.

Plutão na 11ª Casa


O filósofo e historiador Will Durant escreveu que "o significado da vida reside na possibilidade que ela nos dá de produzir ou de contribuir para algo maior que nós mesmos". Para muitas pessoas, a família serve a este propósito; mas para outras poderia ser um grupo que traz à tona o potencial de nobreza da pessoa e lhe dá "uma causa pela qual trabalhar que não será abalada pela sua morte". Por um lado, essas idéias englobam os mais altos propósitos de um Plutão de 11ª Casa: ser capaz de se dedicar a algo maior do que eles próprios e que vai continuar para sempre.

Espera-se que os grupos derrubem fronteiras e mudem quem tem Plutão na 11ª Casa. Por esta razão, algumas pessoas com esse posicionamento têm muitos problemas e se sentem pouco à vontade em grupos. A energia destruidora de Plutão pode ser projetada no grupo e elas sentem que o grupo está tentando destruí-las. Profundos complexos emocionais são trazidos à tona através de situações grupais; eis o motivo pelo qual esta é a área da vida através da qual importantes transformações psicológicas podem ocorrer. Embora seja possível parecer uma experiência atemorizante para essas pessoas, elas podem beneficiar-se muito do tipo de terapia de grupo, onde as tendências ocultas ativadas pelo grupo tendem a ser discutidas abertamente. Às vezes, elas acabam sendo o bode expiatório ou "a sombra do grupo", botando para fora aquilo que os outros reprimem ou negam.

Quem tem Plutão na 11ª Casa poderia ser levado a grupos interessados na reforma radical de estruturas e instituições existentes na sociedade. Outros poderiam estar mais interessados em grupos ligados ao crescimento psicológico, como Jerry Rubin, o político americano ativista dos anos 60, que nasceu com Plutão em Câncer na 11ª Casa. Mais tarde, como muitas vezes acontece com Plutão nessa casa, a casa das metas e dos objetivos, ele mudou e se ligou a grupos de orientação mais filosófica e psicológica. Jean Houston, uma conhecida psicóloga humanista, orienta grupos sobre como ser um ser humano mais completamente realizado e maior. Ela também tem Plutão na 11ª Casa. Notei que grande número de músicos e regentes têm este posicionamento de Plutão - a banda ou a orquestra é o grupo, essencial para seu trabalho e expressão. Em certos casos, é possível que alguém com Plutão ali se junte ao grupo como 5ª coluna, com o propósito de miná-lo e infiltrá-lo. Os motivos nem sempre são tão explícitos quando se trata de Plutão.

Zelar por uma boa causa é sempre algo positivo, mas um aspecto difícil de Plutão na 11ª Casa poderia trazer o que alguns psicólogos chamam de "cruzadeirismo". Essas pessoas são manifestantes em busca de uma saída, abraçando compulsivamente uma causa após outra. Os motivos de tão resistente ativismo podem ser examinados para ver se elas não estão mascarando algum medo profundo sobre a falta de propósito de suas vidas.

Plutão na 11ª Casa também se revela através das amizades. Numa nota positiva, isso poderia significar uma profunda amizade, capaz de durar muitos anos e atravessar períodos de crise e de mudança: porém, invariavelmente, existem grandes complicações para a amizade com Plutão aqui. A traição tende a ser um problema. Eles podem ter sido decepcionados ou abandonados por alguém em quem confiavam e descobrir que eles próprios são capazes de ser rudes e de agredir alguém. O famoso gangster John Dillinger, traído pela "dama de vermelho", nasceu com Plutão nesta casa regente de Escorpião na 5ª Casa, a casa do romance. Os grupos a que ele pertencia eram plutonianos, isto é, do submundo ou mundo inferior.

Rivalidade sexual ou tendências sexuais entre amigos ocorrem com Plutão nesta casa. Uma amizade pode começar com um relacionamento sexual e transformar-se em outra coisa, ou vice-versa. A perda ou a morte de um amigo pode despertar uma série de problemas psicológicos e filosóficos. Conflitos de poder entre amigos também são possíveis com este posicionamento. Eles podem temer que, embora controlem o relacionamento, o amigo venha a fazer algo capaz de feri-los.

Com Plutão na 11ª Casa, a razão de fazer amigos deveria ser examinada. Existem motivos secretos ou profundos para ser amigo particular de uma pessoa? Eles também podem achar que, ao contrário, um amigo trapaceia a esse respeito.

A 11ª Casa também está relacionada com as metas e os objetivos de uma pessoa na vida e com os ideais que se deseja realizar no futuro. Com Plutão ali, toda a maneira pela qual eles se colocam a respeito de realizar suas metas e objetivos pode precisar ser examinada e revista periodicamente. Alguns mostram uma inabalável e aguda concentração, enquanto outros se inclinam para uma obsessão que justifica qualquer tipo de rudeza e falsidade a fim de assegurar seus desígnios. Em dado momento, pode haver uma significativa reorientação de seu sentido de propósito, direção ou do papel que vão desempenhar num mais amplo esquema de coisas.


Se Plutão tem muitos maus aspectos, eles podem ficar confusos sobre onde se encaixam no coletivo em geral. Alguns tendem a se sentir isolados ou sozinhos, como se o fluxo da história estivesse indo numa direção diferente daquela que eles estão querendo tomar. Liz Greene refere-se a esta posição como aos "profetas de mau agouro", que olham para o futuro e só vêem destruição. Em vez de ver o que está ocorrendo de bom, eles primeiro olham o que está indo mal, ou percebem as ocultas sementes da destruição naquilo que parece o melhor e o mais claro dos planos. Como Cassandra na mitologia grega, podem achar que os outros não querem ouvir a respeito do que vêem.

Plutão na 10ª Casa - Escorpião no Meio do Céu

Se tomarmos a 10ª Casa como representando a mãe, então Plutão nesta posição pode mostrar uma mãe sombria, ameaçadora e capaz de destruí-los. Ela pode ser considerada uma bruxa, ou alguém primitivo, rude e manipulador. Eles tendem a sentir na mãe um ódio intenso e uma frustração ou sexualidade contida emanando dela. Sentem como se a mãe estivesse sempre ali, observando-os, mesmo que não esteja fisicamente presente. Enfim, ela é considerada perigosa e não confiável. No entanto, na realidade, ela pode não ser esse tipo de pessoa, mas a criança com Plutão nessa casa, em certos casos pode vivenciá-la predominantemente desse modo. Ou às vezes a morte prematura ou a perda da mãe são a raiz de futuros problemas na vida.

Como já foi dito na análise geral da 10ª Casa, nossas primeiras experiências com a mãe (nosso primeiro invólucro) contribuem para a maneira como vamos nos relacionar com o invólucro maior da sociedade. Se a imagem associada a uma mãe plutônica negativa é projetada no mundo, então essas pessoas vão temer que o mundo seja um lugar perigoso que tentará destruí-los. Alguns com esse posicionamento tendem a reagir a isso fugindo da sociedade e tendo o menor contato possível com o mundo. Outros compensarão o pavor de serem devorados com uma necessidade obsessiva de poder e de controle sobre os outros. Tentando conseguir novamente o sentido perdido da onipotência infantil, eles desejam estender seus territórios de influência o máximo possível sobre o mundo. Se eles é que mandam, quando eles são a autoridade, então se sentem seguros. Sua necessidade de poder pode ser tão premente que quaisquer meios justificarão a realização dos fins, como no caso do presidente Nixon, com Plutão na 10ª Casa. Ali também existe a desconfiança de quem quer que tenha autoridade sobre eles, um desejo de derrubar e destruir os que mandam antes que seja tarde. Por todas essas razões, quem tem Plutão na 10ª Casa sente a necessidade de reavaliar e de chegar a um entendimento mais profundo de seus motivos psicológicos ocultos de ambição, poder e sucesso mundano.

É claro que a descrição acima é uma explicação unilateral de Plutão projetada negativamente. É possível que a mãe tenha uma associação positiva com Plutão. Ela poderia ser vista como a grande doadora de vida, e vivenciada como fonte de conforto e de apoio excepcionalmente forte em todas as contingências do dia-a-dia. Algumas pessoas que conheço com este posicionamento observaram a mãe defrontar-se com sucesso com uma crise pessoal ou com um profundo trauma, e ficaram mais impressionados com sua habilidade de lidar com a adversidade e de sair mais renovada e regenerada. A mãe tornou-se então o protótipo positivo para futuras experiências desafiadoras com as quais tiveram de se defrontar. Desse modo, como adultos, com Plutão na 10ª Casa, desenvolveram qualidades de firmeza, vontade e resistência em relação aos outros.

O posicionamento de Plutão num mapa é onde periodicamente derrubamos, destruímos ou alteramos as circunstâncias existentes a fim de criar novas. É onde podemos ser reduzidos a nada a fim de levantar outra vez. Não só Nixon o fez, mas o chefe de sua equipe, H. R. Haldeman, nasceu com Plutão na 10ª Casa regendo a 3ª. Ele foi julgado por conspiração e ficou um ano e meio preso; foi quando escreveu o livro The Ends of Power ("Os fins do poder"). A atriz Elizabeth Taylor, cuja vida e carreira têm muitos altos e baixos, também nasceu com Plutão nessa casa. Em alguns casos, esse Plutão pode indicar a perda ou o abandono de uma carreira estabelecida e a necessidade de ingressar numa carreira de natureza completamente diferente.

Quem tem Plutão na 10ª Casa procura, em última instância, uma carreira profundamente engajante, significativa e excitante. Ou o trabalho é de natureza plutoniana ou seu enfoque será de um tipo de intensidade e complexidade associado a esse planeta. Alguns podem ser responsáveis pela reforma de instituições sociais já existentes, mas que estão velhas e ultrapassadas. Outros campos relacionados com Plutão são a medicina, a psicologia e trabalhos de ocultismo e psíquicos (Uri Geller, o famoso entortador de garfos, tem Plutão aqui), investigações científicas e jornalismo, política, mineração, pesquisa atômica etc. Fiz o mapa de duas pessoas com Plutão na 10ª Casa que trabalhavam em empresas onde não lhes era permitido revelar a natureza exata de seus trabalhos. (Uma delas tinha Escorpião na cúspide da 3ª Casa e falava russo fluentemente.) Outros podem seguir carreiras que reflitam o lado obscuro da sociedade - tal como a prostituição, o crime e o envolvimento com o submundo.

Ocasionalmente, cruzo com pessoas que têm Plutão na 10ª Casa e que dizem não ter ambição. Depois de conversar algum tempo com elas, torna-se claro que ainda se vêem como "pequenas" comparadas com o grande e poderoso mundo (a mãe) de fora. Normalmente são frustradas em algum nível pela falta de influência que exercem ou pelos empregos chatos em que se encontram. Em certos casos, aposto como algumas pessoas com Plutão na 10ª Casa não vão encontrar sua verdadeira vocação enquanto não forem capazes de usar seus poderes sabiamente e pelo bem de um de grupo mais amplo, em vez de usá-los somente para fins pessoais.


Escorpião no Meio-do-Céu ou contido na 10ª Casa é semelhante a Plutão nessa casa.

Plutão na 9ª Casa

Observei que, em geral, as pessoas encaram a casa na qual Plutão se encontra de duas maneiras francas, mas diferentes. Alguns se atiram para as coisas da casa, lutando com as implicações mais profundas deste campo e, inevitavelmente, saem mudados e transformados pelas experiências que viveram ali. Outros, tentando preservar seu senso de self e temendo o que o planeta possa fazer a eles, fecham a porta e tentam chutar Plutão para fora de casa de qualquer jeito, esquecidos de que ele tem uma habilidade fora de série para quebrar fechaduras.

Essa mesma dinâmica aplica-se a Plutão na 9ª Casa. De um lado, o desafio de quem tem este posicionamento é alcançar Plutão no que se refere a um conhecimento mais profundo dos fatos básicos relativos à vida. Com Plutão nessa casa, soluções religiosas e filosóficas muitas vezes são encaradas com seriedade e reverência, como se sua sobrevivência dependesse de chegar a dominar a natureza de Deus ou da existência. O desejo espiritual nessas pessoas pode ser obsessivo e fanático; elas muitas vezes são vorazes em encontrar respostas e em descobrir leis e modelos básicos e irrefutáveis que governam a vida. Na busca da verdade procuram grandes alturas ou sondam as sombrias correntes e profundezas da psique. Mas o que estão mesmo procurando é um chão debaixo de seus pés. Como se pode encarar a vida sem algo sobre o que firmar os pés? Mesmo que o chão seja escorregadio ou irregular, ainda é melhor do que nenhum.

Mesmo que pareça que a vida não tem determinação e que não há nenhum desígnio ou estrutura preordenada de existência, quem tem Plutão na 9ª Casa precisa encontrar ou criar um significado, desesperadamente. Mas Plutão também é um grande destruidor e, mais cedo ou mais tarde, suas filosofias podem estar sujeitas a algum tipo de purgatório ou ser derrubadas e reconstruídas. Neste sentido, os que têm Plutão na 9ª Casa algumas vezes são injustiçados ou destratados por suas crenças ou religiões. O colapso de um sistema de crença pode ser uma experiência traumatizante, lançando-os em profundo desespero e depressão até que renasçam novamente através de outra crença.

Seu dogmatismo e seu rigor consigo mesmos podem provir do medo de que, se a filosofia de outra pessoa contradiz a sua, então aquilo em que acreditam pode ter de ser questionado. Antes de ameaçar a santidade daquilo que veneram e adoram, podem tentar controlar aquilo em que todos acreditam ou trazer todos para seu lado. O ditador espanhol Francisco Franco nasceu com Plutão na 9ª casa regente de Escorpião na cúspide da 3ª.

A imagem de Deus muitas vezes é colorida pelo planeta que se encontra na 9ª Casa. Para quem tem Plutão ali, Deus pode não ser todo justiça, beleza e luz. Provavelmente onipotente, Ele pode ter um lado sombrio em sua natureza e, ocasionalmente, decidir que Ele não gosta de seus fiéis. Ele poderia ter prazer em conduzi-los à beira de um precipício, balançando-os ali, ou destruindo-os completamente, não se importando com o fato de terem sido "bons". Não é de admirar que muitas pessoas que conheci com Plutão na 9ª Casa tenham dificuldade em conceber um futuro róseo. Por mais terrível que isso soe, alguns reais benefícios aparecem desses dilemas. Primeiramente, são forçados a suportar o sofrimento e a encontrar algum significado através dele, mesmo que seja um destino contra o qual nada possam. Em segundo lugar, vão tentar escapar o mais possível de qualquer experiência, engajando-se a cada momento muito mais completamente do que qualquer outro que tenha um conceito menos aflitivo de Deus.

Já disse anteriormente que alguns não querem Plutão em casa de jeito nenhum, embora invariavelmente ele encontre uma maneira de se esgueirar para dentro dela. Quando escrevia este livro, encontrei pessoas com este posicionamento que, amedrontadas ou contrariadas pela procura da verdade, tornaram-se niilistas. Diametralmente opostas aos que usam a sondagem construtiva de Plutão, essas pessoas são desalentadas e apáticas e não vêem valor em coisa alguma. Por que me preocupar, se tudo termina mesmo com a morte? Mas é exatamente por isso que elas deveriam preocupar-se. A morte é, provavelmente, o acontecimento mais importante da vida, e nós não podemos morrer bem se não vivemos bem. Cícero disse: "Filosofar é preparar-se para a morte”. 

Diferentemente daqueles que têm Plutão na 8ª Casa, estas pessoas não sofrem necessariamente repressão ou mau funcionamento de instintos sexuais ou agressivos, mas repressão ou frustração de um igualmente importante e particular desejo humano - o de querer encontrar significado para a vida.
Enquanto a 8ª Casa representa os desejos que nos impulsionam de dentro, a 9ª Casa representa trabalhos ou metas que nos impulsionam de fora. Quem tem Plutão nesta casa, recebe um forte puxão para seguir o comando de Plutão e, ainda assim, muita ansiedade e temor sobre o que podem encontrar neste processo. Esta dinâmica aplica-se também na procura de educação superior e em grandes viagens.

Experiências que provocam profundas transformações podem ocorrer através de uma educação superior. Plutão é encontrado nas salas de aula, talvez disfarçado num professor importante que os estimule, ou através dos conflitos e desafios que qualquer curso ou sistema educacional sempre apresenta. Em certos casos, eles podem mudar drasticamente seu campo de estudo durante o período escolar. Algumas pessoas com Plutão na 9ª Casa são capazes de fazer descobertas que requeiram a reescritura da história, a revisão de alguma disciplina e a eliminação do que é velho e falso em algum sistema de ensino. O zoólogo Thomas Huxley, que lecionou história natural e afetou profundamente o pensamento científico de seu tempo, nasceu com Plutão em Áries na 9ª Casa.

Grandes viagens representam outra área na qual um Plutão na 9ª Casa é ativado. Pessoas com Plutão na 9ª Casa podem ser transformadas por viagens, ou encontrando e assimilando o conhecimento e as tradições de culturas outras que as suas próprias. Um famoso exemplo disso é o artista Paul Gauguin, com Plutão em Áries na 9ª Casa, regendo Escorpião na 4ª. Ele deixou mulher e filhos (Escorpião na 4ª) e emigrou para o Taiti, onde produziu suas mais famosas obras e onde pode ter contraído sífilis; mais tarde, morreu desta doença nas ilhas Marquesas. Existe a possibilidade de algumas pessoas com Plutão aqui projetarem as partes inaceitáveis de suas próprias psiques sobre outra raça, religião ou cultura, perseguindo e culpando algo fora deles pelo que há de sombrio ou de mau no mundo.

O relacionamento com familiares também pode pertencer à esfera em que Plutão é sentido. Por exemplo, num aspecto difícil com a Lua, a sogra ou a cunhada tendem a ser vistas como destratantes ou manipuladoras. A morte de um parente pode ter efeito profundo na vida.


Plutão na 8ª Casa

Num poema intitulado "In Tenebris", Thomas Hardy escreveu: "Se houvesse um caminho para o Melhor ele obrigaria a olhar inteiramente para o Pior”. Hardy devia estar pensando em Plutão na 8ª Casa quando escreveu essas linhas.

De acordo com Freud, nascemos com certos mecanismos que nos impulsionam de dentro, mas devido a pressões internas ou externas, nos tornamos ansiosos a respeito da expressão desses impulsos e criamos mecanismos de defesa para restringi-los. Dois deles em particular - o sexo e a agressividade - nos dão muitos problemas. Se são apenas negados, eles muitas vezes irrompem de modo explosivo em comportamentos compulsivos e incontroláveis. No entanto, se os deixamos livres, existe o perigo de que eles nos controlem. O desafio de quem tem Plutão na 8á Casa é explorar e aceitar esses mecanismos e também encontrar maneiras de canalizá-los para um propósito na esfera dos relacionamentos interpessoais.

Sexo e agressividade normalmente são associados com o planeta Marte. Eles parecem endógenos, impulsos instintivos, parte necessária de nossa herança biológica. O valor do sexo está obviamente na reprodução; a agressão ou o poder são necessários para crescer e dominar na vida. O despertar sexual é, de muitas maneiras, semelhante à psicologia da raiva. Na verdade, Kinsey relatou quatorze mudanças psicológicas comuns ao despertar sexual e à raiva. Por experiência própria podemos saber quantas vezes o amor se transforma em ódio ou aquilo que começa como uma briga termina em orgasmo; mas quando começamos a falar em reprimir e em dominar impulsos, deixamos o campo de Marte e entramos no domínio de Plutão.

Algumas pessoas com Plutão na 8ª Casa dominam maravilhosamente e dirigem com grande habilidade a energia da sua libido em realizações impressionantes. Winston Churchill, Leonardo da Vinci, Galileu e Bismarck - todos homens de excepcional força e competência - nasceram com Plutão nessa casa. Este posicionamento também mostra tremenda força e recursos em crises, bem como a resistência de liderar outras pessoas em tempos difíceis. Além de reorientarem o uso da força nos níveis físico, mental, social, emocional ou espiritual, eles possuem a habilidade de alterar drasticamente a vida daqueles com quem têm contato.

No entanto, folheando The American Book of Charts, mais três exemplos de Plutão nesta casa saltam â vista. Um deles é John Gacey, com Plutão na 8ª Casa regente de Escorpião na 12ª e na 1ª. De acordo com Rodden, ele era considerado um "fabuloso" e proeminente membro da comunidade até ser indiciado por ter "assaltado sádica e sexualmente e matado trinta e dois jovens e meninos" (enterrados, como manda este posicionamento, no seu porão). Albert Dyer era um homem amistoso que patrulhava a travessia de estudantes diante de uma escola e que um dia raptou, seduziu e estrangulou três menininhas. Ele tinha Plutão em Gêmeos na 8ª Casa, regente de Escorpião ascendente. Arthur Bremer, que atirou no senador George Wallace, também tem Plutão nesta casa. Rodden escreveu que "seu diário recebe toda a sua frustração sexual e suas preocupações".

Quando as energias naturais de sexo e agressividade são obstruídas em seu desenvolvimento e expressão, e deixadas para apodrecer no mundo inferior, elas se tornam horríveis e mortais. A menos que examinadas e positivamente canalizadas, acumulam força e fogem para o consciente, quebrando quaisquer controles do ego. Antes que a pessoa perceba, o diabo está à solta.
Obviamente, nem todos os que têm Plutão na 8ª Casa vão cair na categoria de um Churchill ou de um tarado. No entanto, uma coisa é certa: uma tremenda reserva de energia, o que alguns diriam ser "uma serpente do poder enrolada" à espreita.

A 8ª Casa descreve o que se passa entre as pessoas e, com Plutão ali, o símbolo da troca é a intensidade. Relacionamentos podem envolver brigas pelo poder, violência física ou emocional ou a quebra de tabus. Alguns têm queda para o relacionamento trágico, atormentado e transformador bem na tradição de Romeu e Julieta ou de Tristão e Isolda. Por trás do simbolismo do ato sexual está o desejo de autotranscendência ou de poder. Temendo o excesso ou o caos de seus fortes desejos sexuais, eles podem tentar evitar contatos íntimos. Plutão na 8ª Casa também é indício, às vezes, de conflito, de trapaça e de intriga com o dinheiro de outras pessoas. Complicações e problemas que duram muito tempo podem aparecer com heranças, impostos, negócios e divórcios, especialmente se Plutão está mal aspectado. Seu sistema de valores pode diferir radicalmente do de seu sócio, ou aquilo em que o sócio acredita pode afetá-lo e mudá-lo dramaticamente. Eles podem querer desafiar e derrubar o que a outra pessoa estima.

Além de ter de lidar com seus desejos sexuais e agressivos, eles também terão necessidade de lutar com pensamentos em torno da morte. Freud achava que todos nós temos um desejo de morte (Tanatos) e ansiamos por voltar ao estado sem tensão que vivenciamos antes do nascimento. Esta vontade de quebrar as fronteiras limitantes, de quebrar o self a fim de dissolver-se em não-ser pode ser forte para quem tem Plutão na 8ª, Casa. Alguns tendem a flertar com a morte colocando-se em situações perigosas ou de alto risco, ou brincando inconscientemente com tendências autodestrutivas. Outros ainda podem ser fascinados por todos esses tópicos e pesquisar intensamente a vida após a morte, a reencarnação e tudo o que se relaciona com conceitos metafísicos.

Conheci algumas pessoas com esse posicionamento que tiveram esbarrões com a morte e, depois de uma breve escapada, voltaram à vida reavaliando todas as suas prioridades. Outros podem ter alguma experiência com a morte de pessoas muito chegadas. No entanto, encontrei alguns com este posicionamento absolutamente atemorizados e ansiosos a respeito de sua própria morte. É preciso que eles se lembrem de que a morte é parte inextricável da vida negar a morte é negar a vida. Se tomarmos inteiro conhecimento de que um dia vamos morrer, isso pode nos fazer mergulhar na vida com mais autenticidade e apreciando cada momento que passa tão completamente quanto possível. Santo Agostinho escreveu certa vez que "é somente em face da morte que a personalidade do homem nasce". A morte nos sacode para a vida.


Se não têm medo disso, essas pessoas estão intimamente sintonizadas a energias que trabalham em níveis profundos na vida e ouvirão trovões no ar bem antes dos outros. O aparelho sensorial é algo como o dos animais, que sabem de antemão quando um terremoto vai acontecer. Há um desejo de entender e mesmo de ter poder sobre os segredos da natureza e o que alguns chamam de "poderes ocultos". Às vezes, mesmo sem estar sabendo conscientemente, essas pessoas fazem "mágica" influenciando outras pessoas através da manipulação dessas forças sutis. Inexoravelmente obrigados a penetrar no reino do conhecimento proibido, ousam explorar níveis de existência que outros nem sabem que existem ou cuja proximidade temem.

Plutão na 7ª Casa

O soberano grego do mundo subterrâneo só foi visto deixando seu reino para dirigir-se ao mundo superior duas vezes; uma, para curar uma ferida provocada por Hércules, e outra para trazer Perséfone para seu reino. Similarmente, os trabalhos de Plutão podem ser observados de maneira mais clara na doença e na esfera dos relacionamentos íntimos.

Plutão na 7ª casa significa que ele pode ser encontrado na área dos relacionamentos. Em vez de ver o casamento ou as uniões íntimas apenas como um caso "feliz enquanto dura", é aconselhável para quem tem este posicionamento entender os relacionamentos como catalisadores ou agentes de transformação pessoal, de crescimento e mudança.

Liz Greene diz de Plutão nesta casa que "a entrada no mundo inferior vem através de outra pessoa". Em outras palavras, o relacionamento vai mergulhá-los em profundos complexos emocionais que ficaram retidos na psique desde a mais tenra infância (ou até antes, se se acredita em carena e reencarnação). Através do relacionamento, partes da natureza que foram queimadas, reprimidas ou muito controladas pelo ego vão irromper desordenadamente na vida diária. Depois da explosão, vem a tarefa da recomposição, felizmente com maior sabedoria e mais conhecimento de sua própria complexidade.

Se essas pessoas não estão inteiramente em contato com seus lados sombrios e indiferenciados, elas podem projetar essas qualidades nos companheiros. Se não tomaram conhecimento de seu potencial de rudeza, de trapaça, de maus-tratos, de ciúmes, de inveja e de possessividade, elas parecem atrair esses traços em outras pessoas. Novamente a natureza da vida volta-se para a totalidade; se não estamos vivendo essa totalidade, o exterior a traz até nós.

Onde quer que Plutão caia no mapa é onde o deus da morte e da destruição pode ser encontrado. Alguns com esse posicionamento sentem a própria inclinação para a destruição na área dos relacionamentos e, conseqüentemente, vivem com medo de que os outros sejam capazes do mesmo tipo de comportamento. Ou podem rejeitar completamente sua própria energia destrutiva, atribuindo-a a outra pessoa. Por negar a apreensão de que mais cedo ou mais tarde o outro vai romper com o relacionamento, eles têm dificuldades em confiar no parceiro ou em se sentirem seguros num relacionamento. Tentando evitar essa catástrofe, podem tentar dominar, possuir e controlar o parceiro. Infelizmente, tal comportamento muitas vezes serve para afastar a outra pessoa, com isso fazendo acontecer aquilo que mais temiam. Como no caso de Plutão em qualquer casa, a divindade que traz a doença é também aquela que traz a cura. Para limpar toda a sujeira em que nossos próprios complexos inconscientes nos atiram, Plutão oferece-nos uma pá e diz: "Comece a cavar”. Neste processo, podemos também desenterrar algumas boas razões pelas quais tudo teve de acontecer assim.

Vi muitos casos em que Plutão na 7ª Casa queria terminar um relacionamento mas temia faze-lo por várias razões. Invariavelmente, de algum modo eles provocavam a outra pessoa a fazê-lo por eles.

Alguns podem encontrar Plutão na 7ª Casa através da morte de um companheiro. Se o relacionamento era íntimo e bom, catar os pedaços após semelhante infortúnio é um vagaroso e gradual processo com muitas fases. Mas onde quer que Plutão se encontre, sua capacidade de se reerguer, como a Fênix, das cinzas, também está presente; embora Plutão os ensine a serem mais cuidadosos da próxima vez, ao desviarem inteiramente suas identidades de algo exterior para o self. Mesmo que o relacionamento fosse repleto de brigas e amarguras, a perda de um parceiro por morte pode ter um efeito devastador, sobretudo se a pessoa se sente parcialmente responsável pelo ocorrido, ou se o parceiro morreu antes que problemas interpessoais prementes pudessem ser resolvidos. Será importante para o parceiro sobrevivente fazer o que puder para trabalhar esses sentimentos; de outro modo, qualquer relação posterior poderá sofrer com esses problemas. A casa de Plutão pode ser facilmente assombrada.

Plutão é um planeta de extremos e, neste sentido, está estranhamente localizado na casa preocupada com equilíbrio, compartilhamento e preocupação em cooperar. O caso de quem tem o poder no relacionamento é bem focalizado aqui. Alguns vão transferir todo o seu poder para a outra pessoa, como se quisessem ser engolidas pelo relacionamento; outros não vão se sentir seguros se não forem os tais. Em qualquer dos casos, o equilíbrio de poder é desigualmente compartilhado e ainda há que se aprender lições sobre a verdadeira reciprocidade, Mais cedo ou mais tarde, um dos parceiros pode sentir a necessidade de se libertar a fim de crescer para além dos limites de tal arranjo.

Em muitos casos por mim analisados, quem tem Plutão na 7ª Casa sente muita dificuldade em eliminar ou deixar um relacionamento acabar. Para alguns, isso evidencia um tipo de lealdade determinado a continuar trabalhando nele. Para outros, suas identidades podem estar tão ligadas no relacionamento que deixá-lo seria como morrer. Na mitologia, comparado aos outros deuses, Plutão era um marido relativamente constante para Perséfone, e só foi infiel duas vezes. No primeiro caso, ele teve uma louca paixão pela ninfa Minte, mas em sua furiosa perseguição a ela, esmagou-a acidentalmente. (É possível que quem tem Plutão na 7ª Casa possa destruir uma relação pela sua própria intensidade.) No segundo caso, ele raptou uma das filhas de Oceano e levou-a para o seu reino, onde ela viveu até morrer de morte natural.

Plutão pode requerer a completa falência e eliminação de um relacionamento existente para permitir a continuidade da individuação de cada parte. Por outro lado, no entanto, Plutão também sugere que um relacionamento pode resistir a um sem-número de minimortes e renascimentos, tornando-se cada vez mais forte e durando muitos e muitos anos.


Quem tem Plutão na 7ª casa conta com a habilidade de ajudar aos outros em tempos de dor, de crise e de transição. Alguns podem ter uma enorme influência sobre a sociedade em geral. Dois exemplos ilustram a face social de Plutão na 7ª Casa. O ditador fascista Mussolini, que tinha Plutão regente da 12ª Casa, a casa dos movimentos coletivos. Em contraste, Betty Friedan, a infatigável líder da liberação das mulheres, tem Plutão na 7ª Casa regendo Escorpião na cúspide da 11ª e da 12ª casas.

 Esta posição de Plutão por casa também é útil em mapas de advogados, de pessoas dedicadas à cura, de conselheiros e psicólogos.

Plutão na 6ª Casa

A 6ª Casa é o ponto de encontro entre o corpo e a psique, o ponto de conexão entre o que somos por dentro e as formas com que nos cercamos. Quem tem Plutão na 6ª Casa pode explorar esta conexão em profundidade.

Quando uma divindade dos mundos inferiores, como Plutão, coloca seu altar na 6ª Casa, a casa da saúde, a doença física não pode ser tomada pelo que aparenta. Na mitologia, Plutão raramente vinha à Terra, mas uma das vezes o fez para procurar cura para uma ferida. Na doença, venenos e toxinas acumuladas vêm à superfície e precisam ser eliminados para que o corpo possa voltar a funcionar com saúde. As causas primordiais desses problemas, e não só os sintomas externos, devem ser tratados se Plutão está na 6ª Casa, ou o problema pode ocorrer novamente mais tarde.

Enfim, quem tem Plutão na 6ª Casa deveria explorar a possibilidade der que a doença é um indício de problemas em algum outro plano na vida além do corpo. É fato sabido que problemas psicológicos têm um papel importante no agravamento das doenças. Agentes nocivos estão sempre presentes no sistema, mas o fato de desenvolvermos ou não uma doença depende de nossa habilidade para resistir a ela. Pensamentos e sentimentos negativos, conscientes ou inconscientes, querem receber sua parte do corpo enfraquecendo as defesas naturais do sistema e fazendo-nos mais suscetíveis àquilo que normalmente combatemos. Pessoas com Plutão na 6ª podem queixar-se de que seus corpos os traem quando ficam doentes, quando na verdade o corpo apenas revelou que existe algo de errado em seu estado mental e emocional. A boa nova é que - como evidencia o autor de Getting Well Again ("Ficando bom novamente") - se as pessoas podem ficar doentes psicossomaticamente, elas também podem se "curar psicossomaticamente". Examinando suas crenças e sentimentos, os que têm Plutão na 6ª Casa podem se encaminhar na direção de alterar não só a própria saúde mas toda a sua vida. O conhecimento ao alcance dessas pessoas é a direta compreensão de que mente, corpo e emoções funcionam como um sistema integrado.

Funcionar como um todo integrado significa que muito poucas coisas na vida têm significado em relação a tudo o mais. Para quem tem Plutão na 6ª Casa então, rotinas simples e diárias da vida podem ter grande importância. Só o fato de escolher a roupa que vai vestir pela manhã ou o de manter a casa limpa pode estar carregado de ansiedade se Plutão estiver pobremente aspectado. Tais pessoas tendem a projetar rituais compulsivos na execução dessas tarefas como se, fazendo-as dessa maneira, estivessem se defendendo do mal e da destruição.

Vistos por seu lado positivo, os que têm Plutão na 6ª Casa têm a capacidade de trabalhar de maneira dedicada e sem se distrair, colocando toda sua vontade no trabalho que estão realizando. No entanto, eles também podem pegar essa necessidade de serem conscienciosos, responsáveis, práticos e produtivos e torná-la uma obsessão, como se a própria sobrevivência dependesse dessas qualidades. O desejo de fazer da forma correta um serviço é sentido com intensidade, convicção e paixão. Obviamente, esse zelo pode tornar difícil o trabalho ao lado de outras pessoas. Eles podem ser indevidamente irritáveis e críticos para com os que não partilham seu empenho e sua maneira de trabalhar. O relacionamento com os colegas de trabalho pode ser marcado por incômodos subterfúgios, insinuações sexuais, maus tratos, trapaças e intrigas. Brigas pelo poder tendem a aparecer e eles podem se ressentir e sentir-se destratados por qualquer pessoa que tenha autoridade, desejando inconscientemente destronar as pessoas que estão em posição mais elevada. Se quem tem Plutão na 6ª Casa está numa posição de autoridade, toda a questão de como exercem esse poder sobre os subordinados aparece claramente.

Existe muitas vezes o desejo de melhorar os métodos de trabalho já existentes. Compulsivamente, procuram por mudanças, pois para eles fazer modificações pode significar maior eficiência. Seu trabalho precisa ser profundamente atraente e cansativo, caso contrário perdem o interesse e possivelmente "criam" situações que os forçam a deixar o emprego. Alguns podem ficar doentes para se livrar de trabalhos que abominam. Outros perdem o emprego por causas alheias ao seu controle - tais como recessão econômica ou duplicidade de cargos. Uma vez que a perda do emprego pode ter sérios efeitos sobre o bem-estar psico16gico, examinar as emoções e os sentimentos trazidos à superfície por essas contingências poderia levar a um maior autoconhecimento e a um futuro crescimento.

O emprego poderia ser num campo "plutoniano" por natureza: agente secreto ou detetive, mineração, carreiras em psicologia, medicina ou psiquiatria, ou trabalho envolvendo a energia nuclear. Tomando um dos significados de Plutão ao pé da letra, alguns poderiam trabalhar em ferro-velho, em cemitérios ou em câmaras mortuárias. Muitas pessoas que vejo com Plutão na 6ª Casa estão envolvidas em várias formas de trabalho corporal neoreichiano.


Em alguns casos, um acidente ou uma doença podem provocar danos irreparáveis. O artista francês Henri Toulouse-Lautrec, que sofreu séria deformação em conseqüência de uma queda de cavalo, nasceu com Plutão em Touro na 6ª Casa, mas mesmo que nasçamos com grandes limitações, ainda somos responsáveis pela atitude que adotamos por sermos defeituosos; podemos viver uma vida de amargo remorso ou encontrar maneiras de dar sentido à vida, não obstante ou talvez por causa deles.

Plutão na 5ª Casa

A chave para trabalhar com um Plutão na 5ª Casa é o desenvolvimento de um saudável sentido do próprio poder e valor. 

Todo mundo tem necessidade de se sentir importante, em especial em alguma área da vida, mas com Plutão no domínio natural de Leão isso pode tornar-se uma obsessão. Orgulho em excesso e uma auto-opinião inflada tendem a causar muitos problemas para quem tem este posicionamento. No entanto, um ego fraco demais, ou um sentido de sua importância, de seu valor e eficiência também podem ser fontes de dificuldade. Em qualquer caso, eles podem recorrer a gestos extremos para provar a própria força. Barbra Streisand, a cantora-atriz-escritora-diretora cujo vigor, energia e aparente rudeza despertou a rivalidade de muitas pessoas, nasceu com Plutão em Leão na 5ª.

Quando crianças sentimos que gostamos mais de sermos protegidos por nossos pais se eles nos acham encantadores e cativantes. Por isso, ser alguém especial está ligado em nossas mentes com o precaver-se contra a ruína e o desastre. Para quem tem Plutão na 5ª Casa, a necessidade de amor, de aprovação e de poder ainda vai estar misturada com o instinto de sobrevivência. O pai de Barbra Streisand morreu quando ela era muito pequena, e talvez ela julgasse não ser bastante especial para mantê-lo vivo. Mais tarde, ela se sentiu negligenciada pela mãe e pelo novo padrasto, que teria colocado mais lenha na fogueira que já atormentava a sua 5ª Casa. Obviamente, como no caso dela, esta dinâmica pode pressionar algumas pessoas para grandes realizações. Para outros, poderia significar um amargo desapontamento pela falta de reconhecimento, de valor e o sentimento de rancor para com os que parecem ter mais sucesso. No entanto, não conseguir o status que procuram pode proporcionar o impulso para uma maior auto-avaliação e autoconhecimento.

Para crianças com Plutão na 5ª Casa, o tanque de areia poderia ser o lugar onde se escalam novas alturas ou um palco para experiências traumatizantes. Não pode ser qualquer velho castelo, mas, de alguma maneira, tem de expressar a profundidade dos sentimentos daquilo que eles são realmente: completo, com fossos e câmaras secretas. Marte atirou areia na cara de seus amigos que fizeram um castelo melhor. Plutão pode ir um passo à frente - acidentalmente ou de propósito chutando o castelo do rival, provocando uma briga e a quebra da amizade. Podem se passar dias ou semanas antes que Plutão volte ao tanque de areia. (É sabido que, depois que seu filme Yentl, não recebeu da Academia de Cinema o reconhecimento que ela julgava merecer, Barbra Streisand boicotou todas as cerimônias da Academia nesse ano.).

Mais tarde na vida, a auto-expressão criativa ainda pode levar ao trabalho através de traumas, bloqueios e dificuldades. No entanto, os problemas encontrados servem para trazer modelos inconscientes e situações mal-definidas da primeira infância para a superfície, onde há mais possibilidade de resolvê-los. Alguns com esse posicionamento são capazes de dar expressão a obras criativas de grande poder, capazes de despertar e transformar os outros. Vem-me à mente Hermann Hesse, nascido com Plutão na 5ª Casa, regente dê Escorpião na cúspide da 11ª. Tudo indica que ele teve problemas com depressão e alcoolismo. Nietzsche tinha Plutão em Áries na 5ª Casa regente de Escorpião na cúspide da 12ª Casa e, de acordo com Rodden (The American Book of Charts) passou dez anos solitários escrevendo sua obra. Um ano depois de completar seus livros, Nietzsche morreu sozinho e insano.

Tanto para homens como para mulheres, este posicionamento de Plutão sugere que colocar filhos no mundo pode ter um efeito de mudança de vida. No entanto, isso acontece geralmente com qualquer pessoa que tenha filhos; de alguma maneira, os efeitos da paternidade vão mais longe para quem tem Plutão nesta casa. Muitos homens com este posicionamento julgam que tornar-se pai pela primeira vez prenuncia um traumático despertar para o fato de que não têm mais a "eterna juventude". Uma mulher poderia ver nisso um indício de dificuldade para conceber, e ela é bastante inteligente para se cuidar durante a gravidez. Abortos são bastante comuns para quem tem Plutão na 5ª Casa. Mesmo quando não há alternativa para uma gravidez interrompida, fica a necessidade de afligir-se e de lamentar o que se perdeu. Como com Netuno na 5ª Casa, o sofrimento sentido nessas circunstâncias é utilizado mais produtivamente quando algum significado ou propósito é atribuído à experiência.

Pais com este posicionamento podem encontrar seu lado sombrio e subterrâneo através do comportamento dos filhos. O pai com Plutão na 5ª Casa tende a controlar em demasia ou a tentar dominar um filho não só pelo desejo de amor e de proteção, mas por que está com medo de que a criança, deixada à sua própria conta, possa fazer algo desfavorável ou pessoalmente doloroso. Se este é o caso, os filhos terão de romper radicalmente com o pai a fim de poder moldar mais livremente suas identidades. A longo prazo, é melhor que o pai examine seus próprios temores e complexos, e tudo o que possa ter dado origem a eles, em vez de tentar controlar a vida como um meio de evitar um confronto. Tendo dito tudo isso, vi muitos exemplos de Plutão na 5ª Casa em que a relação entre pai e filho acontece com força e dignidade.

Com Plutão na 5ª Casa, casos românticos confundem-se com poder e com um certo grau de compulsão sexual. Quem tem este posicionamento pode temer a intensidade de seus desejos sexuais e tentar inibi-los inteiramente ou encontrar maneiras de transmutar a expressão da libido em canais que considerem mais aceitáveis. Outros podem extrair um sentido de força através das conquistas sexuais e ter casos amorosos que envolvam conflitos de poder, dramas e intrigas. Levado a extremos, essas pessoas poderiam usar demais os outros para provar seu próprio valor - uma forma de violação psicológica. Verdadeiro respeito mútuo e compartilhamento pela integridade de outrem são as lições a serem aprendidas se Plutão ou Escorpião estiverem na 5ª Casa.

Plutão na 4ª Casa - Escorpião no Fundo do Céu


Complexos, traumas e assuntos não resolvidos da primeira infância muitas vezes fervem debaixo do nível de conhecimento consciente se Plutão está na 4ª Casa. Os que têm Plutão nessa casa podem tentar abafar totalmente seus mais profundos sentimentos, exercendo um rígido controle sobre si mesmos como meio de se defender contra essas emoções não trabalhadas. Ainda assim, sempre existe um sentimento de algo perigoso espionando por baixo que pode tomar conta deles no final. Para alguns, toda a vida é construída no intuito de suprimir o que está por baixo e por isso eles são dominados por estas mesmas coisas que tentam manter escondidas. Encontrar o self é como descascar uma cebola - camada após camada tem de ser removida para chegar ao miolo. Mais do que qualquer outro posicionamento, este é um mergulhador de águas profundas que precisa se atirar nas profundezas do inconsciente pessoal, trazendo para a luz complexos escondidos, de tal modo que possam ser examinados, trabalhados e adequadamente transmutados.

Esses complexos provêm, provavelmente, de suas experiências no ambiente do lar quando bebês (a família de origem) e podem manifestar-se de novo mais tarde em suas vidas particulares e em casa. Uma vez que eles se sentem mais vulneráveis na esfera do lar, tentarão manipular e controlar os que se encontram à sua volta de modo que ninguém perceba e detone a bomba-relógio que têm dentro de si. Obviamente, isso não leva a um ambiente familiar dos mais calmos, onde certamente há muitas regras não escritas a respeito daquilo que é ou não permitido dizer ou fazer. Em qualquer ponto do mapa em que Plutão se encontre, tememos nossa própria destruição. Na 4ª Casa, o diabo espreita debaixo da cama, no armário ou fita-nos sentado do outro lado da mesa no café da manhã. É como viver ao lado do monte Vesúvio.

Quem tem Plutão na 4ª Casa pode experimentar reorganizar melhor sua vida mediante alterações na esfera doméstica, ou o colapso da estrutura familiar como um todo. Embora não seja nada fácil, eles têm a capacidade de sair do entulho renascidos, felizmente mais sábios e com maior autocompreensão. Visto por um lado positivo, Plutão na 4ª Casa é uma boa indicação de forte poder de regeneração e de habilidade para reconstruir o self depois de qualquer tipo de colapso. O instinto de sobrevivência vai fundo, e recursos que nem eles conheciam aparecem em tempos de crise.

Se tomarmos a 4ª Casa como representando o pai, ele pode ter sido vivenciado como excepcionalmente poderoso, sombrio e ameaçador. Crianças com este posicionamento tendem a ser bastante perspicazes quanto às paixões, à sexualidade, às frustrações e ao ódio contido do pai. Às vezes é a morte, o desaparecimento ou a distância psicológica do pai que as afeta fortemente. De forma mais positiva, elas poderiam representar alguém com grande coragem, força e poder de criação.

A 4ª Casa descreve como terminamos as coisas, e se Plutão ou Escorpião estão ali, os fins são muitas vezes finais e irrevogáveis. Pode haver necessidade de terminar dramaticamente certas fases da vida, ou a saída brusca de junto de pessoas ou de lugares aos quais estavam anteriormente ligados. O duque de Windsor que abdicou da coroa, sendo por isso deserdado da herança que era sua por direito, nasceu com Plutão em conjunção com Netuno em Gêmeos na 4ª Casa.

Quem tem Plutão na 4ª Casa pode amar e respeitar a natureza, uma ligação quase primitiva com a Terra e seus mistérios. Tentando descobrir os segredos da natureza, pode haver interesse pela oceanografia, o mergulho, a arqueologia, a psicologia e a metafísica.

Alguns conseguirão transmutar seus conflitos internos e suas agitadas emoções em expressão criativa. Por exemplo, de acordo com a hora dada por sei pai, Mozart nasceu com Plutão na 4ª Casa. Ele compôs alguns de seus melhores trabalhos durante períodos de depressão e doença. Através da exploração psicológica, de meditações e de reflexão interior profunda, e da estimulação de fontes de autoconhecimento, quem tem este posicionamento pode amadurecer em fontes de energia, de inspiração e de guia para os outros, extremamente sábias e radiantes. O deus grego Plutão era responsável por tesouros enterrados, e quem tem este planeta na 4ª Casa só precisa cavar para encontrá-los.

Escorpião no Fundo-do-Céu ou contido na 4ª Casa é semelhante à interpretação de Plutão nessa mesma casa.

Plutão na 3ª Casa


Como Urano e Netuno nesta casa, Plutão na 3ª Casa anseia transcender os limites normais da mente ou do intelecto. Este Posicionamento costuma propiciar uma mente profunda, penetrante e incisiva, capaz de "atravessar como um raio laser" qualquer matéria. Pode haver interesse em percepção extra-sensorial ou um desejo de expor e falar livremente sobre temas que outros consideram tabus (tais como sexo e morte). Suas mentes estão muito bem preparadas para qualquer forma de pesquisa ou de estudos profundos. Alguns podem procurar o conhecimento pelo poder e pela superioridade que ele dá sobre os outros e sobre o ambiente. Ocasionalmente, dão à luz idéias capazes de ter um efeito transformador sobre a sociedade. Maninho Lutero, o autor da Reforma, parece ter nascido com Plutão na 3ª Casa em Libra. Mary Baker Eddy, a fundadora da Christian Science Church, também tinha Plutão nessa casa.

Eles podem ter certo poder com as palavras. William Butler Yeats, o Prêmio Nobel irlandês de poesia que tinha uma profunda inclinação mística, nasceu com Plutão na 3ª Casa regente de Escorpião na 9ª, a casa da filosofia. (O poeta Roben Browning, autor de versos famosos e imortais, também tem o tolerante Plutão na 3ª Casa.) No entanto, a força de Plutão pode ser usada também de maneira desleal, e quem tem este posicionamento muitas vezes é conhecido por sua língua afiada e aguda sensibilidade para saber onde fica a fraqueza de outra pessoa. É possível que humores negativos se insinuem, e eles podem ser sufocados por pensamentos obsessivos, como se suas próprias rentes os traíssem. Seus pensamentos tendem a tomar-se muito destrutivos, e alguns ficarão com medo de falar por receio daquilo que vai sair. Outros escondem o que se passa no seu interior, pois expor-se torná-los-ia demasiado vulneráveis.

A 3ª Casa cobre o ambiente da primeira -infância e os anos de crescimento. Quando crianças, todos tínhamos dificuldades em distinguir entre o que queríamos e a crença de que realmente fizemos a proeza. Exemplo típico, o do menininho que tem raiva da irmã porque ela está recebendo uma atenção maior; ele tem um rápido pensamento de que deseja que ela morra. Digamos que no dia seguinte a irmã cai de uma árvore e quebre uma perna. O menino em questão pode comparar esse desejo negativo que teve, com o acidente e acreditar que seu mau pensamento foi o responsável pela queda. Tomando toda ou uma parte da culpa sobre si, ele se sentirá culpado e temeroso de ser descoberto e punido pelo mal feito. Quando crescemos, não somos tão onipotentes, mas os que têm Plutão na 3ª Casa ainda podem guardar medos e culpas dos poderes de seus pensamentos e das más ações que fizeram ou que fazem acontecer ao seu redor. O ator Peter Fonda nasceu com Plutão em Leão na 3ª Casa. Lois Rodden (The American Books of Charts) cita que, quando ele tinha dez anos, sua mãe se suicidou. Pouco tempo depois ele se deu um tiro no estômago e em conseqüência disso foi submetido a um tratamento psiquiátrico com a idade de onze anos. Tudo isso é muito plutoniano, e é possível que ele estivesse tentando se punir por alguma culpa guardada com relação à morte da mãe.

É possível que pecados secretos como estes atormentem uma criança ou um adolescente com Plutão na 3ª Casa, e ele ou ela podem ter medo de contar isso a alguém. E onde existe vergonha e culpa, andarão por perto o ódio e a raiva. Obviamente, os pais daqueles com Plutão na 3ª Casa devem tentar criar um ambiente no qual a criança se sinta segura para falar sobre o que se passa na sua mente, em vez de permitir que pensamentos e sentimentos perturbem-nas internamente por tempo demasiado.

O primeiro ambiente pode ter sido vivenciado por quem tem esse posicionamento como desgastante e insuportável, e pode deixar a impressão de que eles têm de se guardar constantemente contra os outros. Eles não costumam esquecer facilmente uma desfeita, e podem ficar ressentidos por muito tempo. O relacionamento com irmãos normalmente é complicado e dominado por tendências de sexualidade, competição e intriga. Este posicionamento muitas vezes é indicio de dificuldades com vizinhos e problemas no inicio da vida escolar. Para alguns, ser mandado para a escola é revoltante e sentido como uma espécie de banimento ou punição por alguma transgressão imaginária.

Mesmo as viagens curtas podem ser cansativas. Eles podem chegar à casa de amigos para um tranqüilo fim de semana no campo e descobrir que entraram no enredo de uma novela de Agatha Christie.


Quem tem Plutão na 3á Casa tem força no plano mental, e quando assume uma certa postura diante de outra pessoa, "aperta" a pessoa a tal ponto que ela inevitavelmente põe para fora suas projeções.

Por esse motivo, quando ele quer que o comportamento de alguém mude, pode tentar alterar o contexto no qual está vendo essa pessoa. É um fato básico da vida que a atenção traz, consigo, energia.

Plutão na 2ª Casa


Como Urano e Netuno nesta casa, Plutão implora ao indivíduo que entre mais profundamente no significado dessa esfera e não permita que a vida seja vivida de maneira normal e descomplicada nesta área. Questões sobre aquisição de dinheiro e posses, e a questão da segurança em geral, não podem ser tomadas como aparecem quando Plutão se encontra localizado na 2ª Casa.

Com Plutão aqui, é necessário descobrir as motivações subjacentes que impulsionam sentimentos tão fortes e apaixonados sobre dinheiro e segurança. Para alguns, o dinheiro está imbuído de uma divindade que determina se eles devem viver ou morrer. Dinheiro e poder podem resultar como controle sobre outros, ou como medida de segurança para aqueles que acham que o mundo esta aí para destruí-los. O sucesso material pode ser pensado como um meio de aumentar sua atração sexual. Alguns podem ver enormes posses como uma maneira de estender seu território de influência, e com isso ganhar novamente um sentido de onipotência perdido na infância ou, se foram maltratados ou menosprezados quando crianças, adquirir grande fortuna e status pode ser a maneira de provar seu valor ao mundo.

Plutão monta seu altar de destruição em qualquer casa que ocupe. Conseqüentemente, quem tem este posicionamento pode agasalhar um temor de que algo está à espreita nas sombras que vai tentar dissipar seus recursos e posses. Eles vão acumular dinheiro na tentativa de enfrentar este perigo. Plutão chega a extremos, e eles tendem a vivenciar os dois lados da escala: a pobreza e a riqueza. Se se tomaram demasiado preocupados ou identificados com suas contas bancárias, com seus carros ou mansões, Plutão pode destruir essas formas exteriores de autodefiniçâo varrendo essas ligações externas ou ornamentos de modo a poderem descobrir quem eles são dentro de si mesmos. Eles próprios podem provocar inconscientemente essa catástrofe, de forma que um sentido interno e mais permanente de valores e de segurança possa ser encontrado.

A posição de Plutão na casa mostra onde podemos dar significativas contribuições para a sociedade. Na 2ª Casa, a pessoa tende a ter certas quedas ou habilidades capazes de influenciar e modificar de alguma maneira o mundo. Os recursos inatos e os valores a serem desenvolvidos são de uma profundidade de percepção anormal, de uma poderosa convicção e de uma habilidade para decidir em tempos de crise. Plutão pode cortar e eliminar tudo o que não é essencial, purificando e dinamizando assim aquilo que toca. Quem tem Plutão na 2ª Casa é capaz de pegar qualquer coisa que pareça não ter valor e transformá-la num objeto valioso.


Seus lucros e recursos de autovalorização podem ser obtidos através de profissões associadas a Plutão, tais como pesquisas, psicologia, parapsicologia e medicina, trabalhos em minas e no subsolo, detetives e agentes secretos, antiquários e restauradores etc.

Plutão na 1ª Casa

Com Plutão na 1ª Casa, um estilo pessoal do indivíduo, o destino e a maneira de encarar a vida precisam incluir e reconhecer a natureza deste planeta. Acima de tudo, Plutão é criador e destruidor e quem tem Plutão na 1ª Casa vai expressar um ou os dois lados do planeta. O melhor é reconhecer suas próprias necessidades destrutivas; da mesma forma, eles poderão inconscientemente provocar para que acontecimentos, outras pessoas ou seus próprios corpos entrem em ação como agentes "desestruturantes" para eles. Em outras palavras, de algum modo o reino do mundo inferior de pensamentos ocultos, sentimentos e motivações tem de ser avaliado; eles não escapam ilesos tentando viver na superfície da vida.

Quem tem Plutão na 1ª Casa pode usar seu desejo destrutivo por muitas razões. Por exemplo, quando julgam que seu progresso ou evolução é bloqueado ou impedido por certas estruturas de suas vidas (tais como um emprego ou um relacionamento) entes eles vão remover isso para dar espaço a novas possibilidades e a maior crescimento. Se não tomarem conhecimento de sua frustração, evitando fazer algo positivo a respeito, então agirão de maneira a forçar a outra pessoa a terminar um relacionamento, ou um patrão a despedi-los de um trabalho de que não gostam. Como regra geral, é desonesto e nada vantajoso para nós deslocar a responsabilidade de qualquer planeta na 1ª Casa para outra pessoa ou acontecimento.

Em alguns casos, eles podem usar seu poder de destruição porque há algo "lá fora" que os faz sentirem-se vulneráveis, ameaçando seu senso de proteção e segurança. Sua filosofia no caso é: "Livre-se dele antes que ele se livre de você", e têm a capacidade de lidar rudemente com a vida, se necessário. Há uma parte deles que divulga qualquer coisa para sua própria sobrevivência; ou então eles agem como o escorpião que, quando acuado, se ferroa para morrer antes de dar a outrem a chance de derrotá-lo. Os impulsos primitivos e instintivos da natureza terão de ser "reconhecidos" e aceitos antes de serem transformados e recanalizados. Alguns podem chegar a extremos e se identificar com o lado sombrio da vida, acreditando que são "a encarnação da maldade". Nesses casos, existe a necessidade de descobrir que eles não são apenas uma Ereshkigal, mas que têm também um lado mais iluminado e mais valioso neles (Inana).

Dois exemplos ilustram a enorme variedade do uso da energia destrutiva de Plutão. Adolf Eichmann, que engendrou a eliminação de milhões de judeus, nasceu com Plutão em Gêmeos na 1ª Casa regente de Escorpião na 6ª, a casa do trabalho. Por outro lado, Copérnico, o pai da astronomia moderna, usou seu Plutão de 1ª Casa de maneira diferente, estabelecendo que na verdade a Terra gira em torno do Sol e não vice-versa, e destruindo completamente um paradigma básico no qual se baseava toda a visão de vida de uma era.

Como se pode deduzir, quem tem Plutão na 1ª Casa vai periodicamente arranjar impulsivas mudanças em seu modo de vida. Eles podem alterar dramaticamente sua aparência física até certo ponto - perder muito peso ou vestir-se de modo radicalmente diferente. Se Plutão é muito aflito por trânsitos ou por progressão, podem mudar o aspecto exterior e cuidar mais da vida interior, como se morressem e renascessem como outra pessoa. Por exemplo, Richard Alpert (Plutão em Câncer na 1ª Casa) era um professor na Universidade de Harvard que, após experimentar drogas alucinógenas, foi para a índia e mudou seu nome para Baba Ram Dass.

Se Plutão está junto do Ascendente, o próprio nascimento pode ter sido uma batalha crucial de vida e morte. Vi alguns casos em que o nascimento do filho quase causou a morte da mãe. Em qualquer lugar na 1ª Casa em que esteja localizado, Plutão também sugere dificuldades ou traumas marcantes nos primeiros anos de vida, dando a eles a impressão de que a vida é um tormento. Confiar no mundo vai ser um problema, pois suas experiências na primeira infância mostravam que o mundo não estava necessariamente do lado deles. Se eles são tão desumanos para sobreviver, porque os outros não o seriam? Andando por aí, antevendo desastres, eles acham que têm de se proteger contra a destruição e a ruína. Por esta razão, são pessoas sozinhas, com dificuldades para se sujeitar ou para cooperar com os outros. Para alguns, a necessidade de poder provém desta desconfiança do mundo - se não estão no comando, coisas terríveis podem acontecer. Precaver-se contra o mal também pode ser a raiz de padrões de caráter obsessivo-compulsivo.

Na mitologia grega, Plutão quase sempre fica no mundo inferior; nas poucas vezes que apareceu na superfície, ele usava um capacete que o tornava invisível. Do mesmo modo, quem tem Plutão na 1ª Casa pode se proteger sendo discreto e encoberto. Quando mostram demais aquilo que está acontecendo lá dentro, isso pode dar poderes a outros sobre eles. Por esta razão, muitas vezes parecem misteriosos e distantes. Bobby Fischer, nascido com Plutão em Leão na 1ª Casa regente de Escorpião na 5ª (jogos e hobbies) usou de maneira adequada o lado astuto e tático deste posicionamento, ganhando o título de campeão mundial de xadrez.


Quando os que têm Plutão na 1ª Casa saem e se arriscam a abrir-se, fazem isso com bastante intensidade. Ocasionalmente, sentimentos abafados podem irromper, inclinando-os a agir de modo extremo. Se Plutão está junto do Ascendente, seus olhos podem ser frios e penetrantes como se estivessem olhando profundamente para o que está acontecendo à sua volta. Alguns exalam uma forte sexualidade, tal como Mick Jagger, com Plutão em Leão na 1ª, regente da 5ª. Normalmente, têm muita paciência e conseguem dedicar-se intencionalmente a uma causa ou a um empreendimento. A força de sua vontade é enorme e eles brigam consigo mesmos entre usar esta força de uma maneira construtiva ou destrutiva. Suas vidas podem ser contadas através de muitos altos e baixos, como se tivessem que experimentar as duas possibilidades, a pior e a melhor.

Plutão e Escorpião através das Casas


Como Urano e Netuno, Plutão é outro princípio "desestruturante", empurrando inexoravelmente a vida, superando velhas formas para dar lugar ao novo. Como uma cobra que perde a pele, algo nos empurra do fundo de nós mesmos, nos impele para irmos além de velhas e ultrapassadas fases da vida e abrir caminho para futuro crescimento e evolução. Finalmente, o novo vai se tornar velho, e também terá de ser abandonado para a próxima fase que se segue.

Particularmente, Plutão e Netuno, ambos deuses do mundo subterrâneo, compartilham certas semelhanças em que cada um mina subversivamente nossos velhos padrões, forçando-nos a levantar as mãos e nos rendermos. Ainda assim, eles diferem dramaticamente na maneira de fazê-lo. Como cupins ou carunchos que devoram os alicerces de uma casa, Netuno dissolve vagarosamente a rigidez de uma velha estrutura. Com Plutão, no entanto, o telhado cai sobre nossas cabeças como uma tonelada de tijolos. Mais duro que Netuno, Plutão representa uma crescente pressão que gradualmente constrói um clímax e que acaba de nos moldar. Enquanto Netuno nos persuade a mudar, dando-nos o sentimento de que podemos ser purificados através do sacrifício e do sofrimento, Plutão se assegura de que chegaremos lá, eliminando inteiramente as velhas formas até que não reste nada. Ordenando que um ciclo termine e que um novo comece, Plutão nos deixa pouca escolha entre mudar ou morrer.

Um dos mais conhecidos mitos antigos, "A descida de Inana" (contado maravilhosamente no livro de Sylvia Brinton Perera, A descida da deusa) descreve muito claramente os trabalhos de Plutão numa casa. Inana é a deusa do paraíso, alegre, radiante e cheia de vida. Ereshkigal, cujo nome significa "a senhora do grande espaço abaixo" é sua irmã, que vive no mundo inferior e representa uma forma primitiva e matriarcal de Plutão. O marido de Ereshlcigal acaba de falecer e Inana decide visitar o mundo inferior para assistir ao seu funeral, mas, em vez de receber Inana bem, Ereshlcigal saúda a irmã com um sombrio e venenoso olhar e sujeita Inana ao mesmo tratamento que recebem todas as alisas quando entram no reino de Ereshlcigal. Há sete portões ou portais que levam a esse mundo inferior, e em cada um, quem passa tem de tirar uma peça de roupa ou uma. Vestida com decoro, Inana precisa passar através de cada um desses sete portais, deixando suas roupas e suas pedras preciosas, de tal modo que, quando encontra a irmã no mais profundo do mundo inferior, está completamente nua e faz uma profunda reverência diante dela. Em outras palavras, Plutão-Ereshlcigal tira-nos as coisas com as quais nos adornamos, coisas das quais extrafinos nosso sentido de identidade e "vida". Embora seja uma experiência extremamente desagradável e humilhante, conta-nos o mito que esta é uma força destrutiva que deve ser respeitada e reverenciada. Afinal, este é o trabalho de uma deusa, uma divindade que representa ou serve algum centro organizador ou poder mais elevado. A casa que contém Plutão é onde talvez tenhamos de encontrar ou pagar hospedagem dessa maneira a Ereshlcigal - uma deusa obscura, mas nem por isso menos deusa.

Ereshkigal então matou Inana e a pendurou num gancho de açougue no mundo inferior; a linda e bem-intencionada deusa do paraíso foi deixada apodrecendo. De modo semelhante, a casa que Plutão ocupa pode ter de encarar o que está podre em nós. É neste domínio que encontramos os lados obscuros e indiferenciados de nossa natureza - nossas paixões e obsessões desenfreadas, nossa ânsia de poder, nossa crua sensualidade, nossos ciúmes, inveja, ganância, ódio, raiva e selvageria, e nossas feridas e dores primordiais. Não seremos inteiros enquanto esses sentimentos não forem trazidos à superfície, transmutados e devidamente reintegrados à psique.

Isso parece desagradável, e muitas vezes o é, mas temos de nos lembrar de que Plutão era também o deus dos tesouros enterrados e da prosperidade oculta. Pela sublevação que provoca, partes desconhecidas de nós mesmos, banidas para o inconsciente e, portanto, fora de nosso alcance, são reclamadas para uso e disposição consciente. Desta maneira, religamos a energia perdida e também ganhamos acesso a recursos e forças intocadas através deste acordo.

Inana não fica pendurada no mundo inferior para sempre. Sabendo que ia a um lugar perigoso, preparou antecipadamente sua soltura caso se encontrasse em apuros lá embaixo. De modo semelhante, Plutão-Ereshkigal podem nos cozinhar em nosso próprio molho, mas precisamos ter o bom senso para não ficarmos parados apenas no que é asqueroso e doloroso na vida. Plutão nos arrebenta, mas, como Inana, temos de voltar ao mundo superior e ao andamento diário da vida - felizmente com um maior grau de autoconhecimento, sabedoria e inteireza.

Inana escapa do mundo inferior ajudada por dois pequenos andróginos, chamados "os pranteadores". Pequenos e escorregadios, eles entraram no mundo inferior sem serem notados e se aproximaram de Ereshkigal, que sofria muito. Não só pela morte de seu marido, mas também porque estava grávida e tinha de enfrentar um parto difícil. Em outras palavras, algo morreu, mas algo está nascendo. Em vez de castigar Ereshlcigal pela horrenda morte de Inana, os pranteadores chegaram bem junto a ela e se comiseraram com sua condição. Praticando uma espécie de terapia rogeriana, eles lhe deram a chance de lamentar-se, refletindo sua desgraça e dor. Os pranteadores foram ensinados a afirmar a força da vida mesmo que esta se manifeste como miséria, escuridão e sofrimento. Grata por ter sido aceita desta maneira, Ereshlcigal lhes oferece aquilo que desejam. Eles pedem a volta de Inana à vida e Ereshlcigal, agradecida, a faz reviver. Inana retorna ao mundo superior, transformada e renovada, trazendo consigo vida nova para a colheita e para a vegetação. Ereshlcigal-Plutão destrói a vida, mas também pode coar vida nova.

O que podemos aprender da casa de Plutão? Primeiro, em vez de considerar a dor e as crises como um estigma ou uma doença, como algo mim que tem de ser evitado de qualquer maneira, podemos entender essas fases como parte de um processo maior que leva a uma renovação e a um renascimento. Segundo, aprendemos que não podemos dominar ou transformar aquilo que condenamos, negamos ou reprimimos, que é exatamente o que costumamos fazer com tudo o que é desagradável. No entanto, os pranteadores têm a chave: prestar atenção e aceitar Ereshlcigal-Plutão como parte da vida permite que a mágica da cura funcione.

Algo mais é ganho com a destruição, com a perda do que era preciso e com a desintegração daquilo que uma vez serviu como fonte de identidade e vitalidade. Depois de sermos despojados de tudo, nos lembramos daquela parte de nós que ainda continua conosco depois que tudo nos foi tirado. Descobrimos algo profundo dentro do self, algo que nos sustenta mesmo após a perda de antigas ligações do ego. Este é o presente que recuperamos na casa de Plutão: o conhecimento de algo dentro de nós mesmos que é indestrutível. Plutão tira o duradouro daquilo que é meramente transitório - e nós renascemos com o sentido de estarmos vivos, sentido que é incondicional e independente de acontecimentos externos ou relativos e dos fenômenos do mundo, agraciando-nos com certas "muletas".

Obviamente, onde Plutão monta seu altar no mapa, os acontecimentos não podem ser considerados fáceis. Intriga e complexidade é a senha aqui. No domínio de Plutão, precisamos buscar causas ocultas e motivações subliminares inconscientes. O ego isolado não está interessado em supervisionar sua própria destruição. Plutão é o companheiro de crime de um self mais profundo e essencial que usa este planeta para derrubar as limitações do ego e liberar mais daquilo que realmente somos. Como escreve Jung, "há coisas mais elevadas do que a vontade do ego, e a estas devemos nos curvar".

Plutão lida com extremos, e nós somos capazes de provar o pior e o melhor da natureza humana na área de vida na qual ele está localizado. Quando a onipotência do ego é chamada às falas, ficamos com medo de sermos destruídos e, de acordo com isso, tentamos nos proteger controlando cruel e deslealmente tudo o que ocorre na casa de Plutão. Mesmo sem saber por que, somos levados a agir de forma compulsiva, obsessivamente e, ainda, na mesma esfera, tomando conhecimento e servindo a uma força misteriosa mais forte que nós mesmos, podemos descobrir e exibir nossa própria força, nobreza, propósito e dedicação. Não somos apenas significativamente mudados pelo que acontece nesta área, mas também podemos atuar como catalisadores ou alavancas na transformação de outros. Para alguns, a própria força que faz a história acontecer pode surpreender e trabalhar através deles no domínio de Plutão.

Escorpião na cúspide ou contido numa casa pode ser interpretado como Plutão ali. A casa que contém Plutão influenciará qualquer casa onde Escorpião se encontre. Por exemplo, o ex-presidente Nixon tem Plutão na 10ª Casa e Escorpião na cúspide da 3ª. Uma mente reservada, ardilosa e determinada (Escorpião na 3ª) não pára diante de nada para realizar sua necessidade obsessiva de poder e de carreira (Plutão na 10ª Casa), e que lhe trouxe a destruição e o subseqüente renascimento.