A ambivalência fundamental desta Lua reside na indefinição confusa entre o arquétipo da Mãe Universal e a posição de filho eterno. Toda uma série de padrões de destino pode manifestar-se a partir desse mundo inconsciente. O risco de esclarecer em demasia e, por conseguinte não poder dar conta de todas as matizes que estão em jogo, poderiam definir diferentes níveis desta estrutura.
1 - O encantamento passivo do filho no seio da mãe; aqui a pessoa buscará ambientes ou pessoas que a contenham, para escapar das dificuldades do mundo.
2 - O fortíssimo componente de entrega e sabedoria maternal os leva a proteger e cuidar dos seres desvalidos e necessitados, ou quem se sentir atraído pela energia das pessoas com a Lua em Peixes e busquem naturalmente sua proteção.
3 - Este segundo nível pode não ser totalmente consciente e a pessoa, em conseqüência, não canaliza criativamente o talento e toda a sensibilidade através de atividades que tenham como propósito criar e proteger. Neste caso, o excesso de energia maternal invade todos os vínculos, que são a única via de expressão desse enorme caudal de energia. Aqui a ambivalência entre o desejo de ser protegido de todos os males e o querer proteger os outros, é máximo. A pessoa pode buscar ambas coisas em uma mesma situação, com resultados pouco felizes.
4 - Quando a qualidade maternal é plenamente assumida, estas pessoas cuidam e protegem muito além dos vínculos cotidianos. Trabalhar com crianças, mulheres grávidas, animais ou plantas, comprometer-se fortemente com a ecologia tanto em seus níveis teóricos como práticos, cuidar de enfermos, velhos, etc., podem ser atividades habituais. Poderíamos incluir muito mais, através das quais estas pessoas entregam sua energia para criar ambientes protetores e nutritivos para outros.
Neste nível a energia materna não invade com tanta força os vínculos pessoais como no anterior. Ainda o seguirá fazendo porque o núcleo central do mecanismo continua existindo: se identificou com o lado “mãe” do arquétipo, no ponto em que ela está absorvida no filho, querendo permanecer com ele, eternamente, neste estado. Aqui a energia materna cuida e protege mas inconscientemente inibe - ou pelo menos retarda - o crescimento daqueles sobre os quais se volta.
5 - O passo seguinte é a discriminação profunda entre a sabedoria protetora da mãe e o encantamento do filho. Aqui surgem os milhares talentos desta Lua, que cumpre plenamente sua função para os demais. Ao mesmo tempo, a pessoa se singularizou no oceano de fantasias e proteções inconscientes associadas. Seus efeitos já não invadem a vida pessoal que, de todas as maneiras, girará em torno de uma enorme capacidade de afeto e sensibilidade.
Vejamos agora como se apresentam as dificuldades do mecanismo lunar no plano dos vínculos, sem fazer particulares distinções nos diferentes níveis.
O traço mais comum, derivado da simbiose materna, é entrar em situações onde se constitua as mães dos outros e, ao mesmo tempo, o filho ou filha. É dizer, em contentar e ser contentado ao mesmo tempo. Para simplificar, não vamos especificar como isso ocorre nos homens posto que, a estrutura não se manifesta da mesma maneira, a modalidade protetora - tanto para homens como mulheres - sempre apresenta traços basicamente maternais.
Enquanto o mecanismo se impõe à consciência, esta modalidade pode determinar as eleições de parentes. A profunda ambivalência e a capacidade de proteger quem mais necessita, chega a um ponto máximo nessas situações. A pessoa com a Lua em Peixes pode ser tremendamente sensível as necessidades dos outros, de resto, a potência de sua energia deseja que até as pessoas mais sólidas e organizadas se estendam diante delas, mostrando suas carências e vulnerabilidades. Agora bem, o momento em que a Lua em Peixes toma contato com o nível desvalido de outra pessoa é invadida por uma onda de sentimentos tão tensa que possivelmente, não possa distingui-las da paixão. Automaticamente se forma um arco de atração entre as duas pessoas, em que se produz um fortíssimo desejo de entrega para satisfazer - e ver satisfeita - suas carências mais básicas.
Assim, a Lua em Peixes que se ligava a uma mãe ou pai se encontrará subitamente apaixonada de um filho (a). Todo vínculo amoroso vai atravessar por essa sombra Edípica, mas neste caso se ativará o nível mais básico da mesma, tornando muito difícil o sair do mecanismo lunar, uma vez que a estrutura se constituir. O principal afeto desta articulação é o aninhamento. Invadida pelo arquétipo, a pessoa não compreende que todo o seu comportamento leva a despotencialização do outro, que se entrega beaticamente a essa super-proteção, mas que, ao mesmo tempo, se refugia em um vínculo que ativa seu lado mais infantil e, muitas vezes também, seu desejo inconsciente de esconder-se do mundo. A pessoa com a Lua em Peixes encontrará em quase todo o ser humano o desejo de estar com a “mãe universal”, por isso, a energia que é portadora potencializa esses aspectos nos outros, em níveis insuspeitáveis.
Isso leva a experiências como a constituição de uma maravilhosa família centrada nos filhos, com a total desaparição da sexualidade no vínculo dos parentes. Ou tremendas frustrações diante do incompreensível aninhamento e a súbita dependência do outro, que se fica sem trabalho, adoece ou decide abandonar todas as suas atividades para dedicar-se a escrever poesias, atividades que raramente passam de sonhos. Ou a surpresa do abandono por parte do outro, a quem uma vez cumprida a tarefa reparadora da simbiose, se retira em busca de um “parente mais maduro”.
Não é nada fácil para a Lua em Peixes, nestes casos, compreender o que ocorreu realmente. Para conseguir teria que penetrar nos labirintos de seu mecanismo, rompendo dolorosamente a veia de ilusão que o protegia.
Só assim poderia compreender a si mesma e os comportamentos vinculares que sua energia desencadeia. Ao mesmo tempo, o desequilíbrio inicial até ao lado da mãe faz com que muitas pessoas com essa Lua arrastem uma busca - muito complexa e cheia de ambivalências - da figura do pai. Isto também será um obstáculo no encontro homem - mulher, se não for elaborado.
Enquanto perdure sua inconsciente valorização do maternal e o universo, a pessoa dispõe só disto para vincular-se: ser filho ou mãe. Como se na vida só existissem essas funções e não houvera lugar para adultos independentes.
Será por isso que muitas mulheres com essa Lua não se animam a ser mães biológicas?
É algo muito comum na Lua em Peixes ou na casa XII. Na realidade esta energia está destinada a ser mãe de todos, não de poucos. Se tanta energia maternal fica circunscrita aos filhos biológicos é muito provável que se constitua um mundo familiar extremamente simbiótico, onde resulte difícil crescer e chegar a ser plenamente adulto. Muitas mulheres com essa Lua temem inconscientemente a experiência da maternidade, porque antevêem que desencadeariam um processo que - pelo menos em sua fantasia - às excederia. De resto, a experiência do parto e a maternidade é uma intensidade comovedora para essas pessoas. Uma vez aberto esse canal, podem despertar um desejo quase sem freios de ter mais filhos, netos, cachorros, gatinhos... que as leva, às vezes a adotar - no sentido literal ou figurativo - os filhos dos outros como se fossem seus. Nesta situação a pessoa poderá experimentar a potência da absorção na maternidade, própria de sua energia, e a maneira como se gera esse campo absoluto que estava presente no início de sua vida. Com uma natural diferença de intensidade, isso acontece também com os homens com a Lua em Peixes.
Esta absorção no filho está imediatamente ligada a um desejo devorador, como na Lua em Escorpião. Ainda que as palavras não possam expressar corretamente, não podemos dizer que está em jogo um desejo de fusão e sim, a profunda satisfação de participar da manifestação da vida e seu mistério criador. Ou seja, algo que está além de todo o desejo pessoal. Se as sensações que isto provoca não chegam a consciência em um nível de elaboração que permita integrar estes contentamentos a totalidade da personalidade e expressá-los de forma criativa, é provável que as imagens inconscientes se imponham, com seus efeitos não desejados. Estes não são sempre dolorosos já que a pessoa pode entregar-se como objeto das correntes arquetípicas, aceitando os custos que está posição cobra. Mas, sem dúvida, inibirão outras possibilidades latentes no resto da carta, empobrecendo inclusive os melhores dons da Lua em Peixes.
5 comentários:
Texto riquíssimo. Tenho lua em peixes na casa 6, e realmente, a ideia de ser mãe biológica me desagrada. Em contrapartida, possuo uma atitude maternal com os outros, meus amigos me apelidaram de "mamãe" :)
Mto bom mesmo! Sou Psicóloga com lua em peixes na casa 2, com muito custo e sofrimento pude perceber a forma de me vincular com o outro (parceiro) de forma imatura (filho) e agora estou partindo para modificar este padrão e me libertar deste arquétipo. Que inclusive por ser na casa 2 me causa mtos transtornos na vida material.
Grata.
Adorei o texto. Tbm tenho a lua em peixes na casa 6 e realmente bate com a forma que sinto e interajo com as pessoas e de fato não quero ser mãe, mas sempre os amigos e pessoas próximas me atribuem este papel.
Grata pelo texto!! tenho lua em peixes na casa 09.
Soh fiquei pensando...quais os melhores dons dessa lua?rs
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