No geral, quanto mais distância interna exista entre as funções duras do sistema - sobre tudo Saturno ou Plutão - o “mundo perfeito” da Lua em Peixes, mais fácil aparecerá a melancolia como refúgio poeticamente sofredora diante do implacável mundo. Em muitos casos, especialmente entre os homens, este traço de dissolução permanece inconsciente e eles parecem totalmente indiferentes ao mesmo, a posição infantil está articulando sutilmente a personalidade masculina.
Quem se encontra rigidamente organizado para satisfazer a um superior exigente é a mesma criança que vimos na posição anterior, quem agora deve obedecer a uma forte função paterna do sistema, que não o autoriza a dissolver-se na mãe. Com a necessidade de metas, ocupações e desejos, a pessoa põe um “botão” no seu desejo de dissolução. É provável a perda de personalidade no excesso do trabalho ou pelas características do mesmo, cumprindo com os desejos dos outros e deprimindo-se cada vez que suas metas sejam frustradas. Cedo ou tarde, a criança esgotada pela tortura de seu superior buscará dissolver-se na energia feminina para regressar a seu mundo ideal, inclusive através do fracasso de sua carreira ou a enfermidade. O ilusão de uma mulher que satisfaça todas as suas necessidades - e da qual, em seu inconsciente, não deseja ser mais do que uma criança - é muito forte nessa posição.
Assim é como estas pessoas, ainda adultas, podem ter comportamentos muito infantis. A impossibilidade neste nível de tolerar a coexistência da enorme sensibilidade e fantasia lunar com fortes energias marcianas, saturninas ou plutonianas, podem gerar dois mundos. Por um lado, um de muitas exigências e responsabilidade, pelo outro, ambientes onde reina a hipersensibilidade e a necessidade de cuidado. Como dissemos, esta dualidade muitas vezes arrasta estas pessoas a melancolia e inclusive a depressão. Em casos extremos, as leva até a aderir à substâncias que produzam as mesmas sensações não autorizadas conscientemente, sobre tudo nos momentos ou períodos em que sobe ao máximo a tensão entre o lado que exige amadurecimento e o lado regressivo.
Um caso muito notável de Lua em Peixes é Michael Jackson, capturado pelo arquétipo da indefinição e buscando refúgio em um mundo de imagens e presenças infantis cuja ambivalência chega até os extremos. Outro caso é Maradona quem - mais além da potência de seu Sol na casa XII - encontra evidentemente refúgio perdendo sua personalidade em correntes de emoções coletivas. Nestas cenas atuam como um nenê caprichoso que quer sentir-se seguro e protegido por todos, de um modo quase insaciável. E quando sua absorção no desejo coletivo chega ao intolerável a única forma de proteção é a simbiose com seus filhos e sua família, como último refúgio.
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