Comentários gerais

Quero fazer uma pergunta: tendo a Lua em um signo mas esta, algumas vezes, sofre aspectos de outros planetas que lhe dão geralmente outra tonalidade. Então, como se expressa essa Lua? De uma maneira única e sintética ou de diversas maneiras, alternadamente?

O que lhes proponho como hipótese, é que os campos energéticos se manifestam com comportamentos que identificamos como pessoais, mas também com os acontecimentos do mundo que nos rodeia. A maneira habitual de expressão destas energias aparentemente contraditórias é mediante a identificação pessoal com alguns elementos da estrutura, ficando o resto para ser atuado por outros. Por exemplo, alguém pode ser Lua em Virgem em conjunção com Plutão-Urano, de maneira que se identifica com a ordem, mas no decorrer de sua vida aparece um “louco destrutivo” dando voltas ao redor. Quem sabe ela mesma atue esporadicamente para que “fora” apareçam pessoas ordenadoras e possessivas.

É dizer, para confirmar o que aqui estamos denominando “contradição” é preciso incluir não só o comportamento interno, mas também o que acontece “fora”, considerando-o como parte desse sistema energético e como manifestação desta contradição.

Agora bem, o processo que nos trás outra pessoa, na realidade, é o mesmo problema que existe dentro de nós, só que aparece julgado como “fora”. Em geral, esta é a maneira que temos de integrar as estruturas contraditórias de nosso campo energético. O trabalho com a astrologia significa aprender a olhar o “fora” como um espelho do “dentro”.

Outro critério básico a recordar é que a psicologia do corpo que protagoniza a carta natal não pode tolerar o princípio desta totalidade. A partir daí irá constituir inevitavelmente uma distância entre o que lhe pede a energia da carta e o que o corpo do bebê e o psiquismo em que se formou, naquilo que podem suportar. Necessariamente, irá se formando uma resistência à própria energia: isto é inevitável. Ler cartas natais é ler ao mesmo tempo o que pede a energia e a resistência psicológica a esta energia.

A vida dessa pessoa seria ir à busca desta energia?

A vida sempre traz a energia que nos corresponde experimentar. O faz recorrente e no princípio responde reforçando a defesa. O padrão habitual é que a energia siga manifestando e não repita a defesa básica, de onde provêm nossos principais conflitos e as repetições que atribuímos ao “destino”.

O momento chave se produz quando a defesa que foi necessária - a personalidade organizada em sua fase defensiva - começa a se abrir à energia que se manifesta, porque isto permite a separação da borda entre o “dentro” e o “fora”. Mas para que uma estrutura se produza numa síntese real, se deve inevitavelmente deixar de ser quem era, ou melhor, deixar de ser quem se acreditava ser. Se digo, “sou sempre o mesmo, mas mais crescido ou com mais experiência”, na verdade nada se modificou: os núcleos básicos não se fazem ordenados. Teremos que dar-nos conta que necessariamente tivemos que nos proteger da manifestação de nossa própria energia. De modo que, cedo ou tarde, teremos que sair desta estrutura protetora. O central é registrar como nos refugiamos em certas zonas de nossa energia para nos defender de outras zonas desse mesmo campo. Isto não está errado, simplesmente acontece. O tema é como, a partir desse registro, podemos ir abrindo essa zona defensiva ao resto da estrutura que nos constitui.

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