Uma matriz afetiva, linear e simplificadora.

Então, o que está mostrando esta matriz? O mundo afetivo “externo”, como dissemos antes, impede o crescimento livre. É um cenário do tipo militar, muito rigoroso, em que “as coisas são de uma maneira e não de outra”, um mundo emocional onde tudo é branco ou preto.

É notável nestas pessoas, geralmente, a tendência de simplificar em excesso as situações. Isto pode aumentar a eficácia da ação, onde tenha que resolver algo com rapidez, mas tudo que se concentra no mundo emocional - com sua ambivalência e complexidade - tenderá a ser tratado da mesma maneira. Mais difícil será outorgar a si mesmo o tempo e o espaço necessários para ter contato com os próprios níveis mais profundos e nutritivos. Nesta matriz afetiva linear se faz, por tanto, muito difícil de explorar o complexo, o contraditório, o profundo. O excesso de simplificação, percebido como talento e fonte de eficácia, leva a viver como exitosos os mundos “externos” e ativos, ou seja, precisamente os cenários que este mecanismo linear busca para sentir-se seguro. Esperar com tranqüilidade que se juntem todos os fragmentos - e assim expressar um desejo profundo e integrado, ou ao menos aceitar as próprias ambivalências e contradições - é para essas pessoas algo muito difícil, porque o aquietamento é visto como perigoso.

Tudo isso quer dizer que a Lua freia o encontro com a própria natureza da pessoa?

Não a Lua, e sim o mecanismo lunar, que é o que estamos descrevendo, e esse sim, sempre freia o encontro com o essencial de cada um. A fragmentação e a dissociação é a definição básica do mecanismo lunar. Sua modalidade afetiva - distinta em cada caso - é funcional na infância, mas na vida adulta não é outra coisa que o imaginário. Isso pressupõe que se desencadeará a mesma seqüência de erros ocorridos na infância, e a mesma resposta dada, então será válida no presente. É importante advertir que isso pode comprometer a totalidade da vida e não só o mundo afetivo.

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