O sistema Lua - Sol - Saturno

Ao tentarmos delimitar os significados da Lua em um texto relativamente introdutório, um excesso de simplificação distorce perigosamente aquilo que se tenta transmitir. Poderia se ver o essencial, ou seja, a presença da estrutura do sistema em cada uma de suas partes e, neste caso, a relação intrínseca entre a Lua e a totalidade da matriz .



Convenhamos, então, que falar dos significados simbolizados por um planeta independente dos demais é uma abstração válida em termos iniciais de uma pedagogia, mas incorreta fora desse contexto.

Por exemplo: dizemos que o útero está simbolizado pela Lua, mas devemos ter presente que o útero não existe independente do resto do organismo e que, em particular, aparece associado a determinadas características da pélvis. Sem pélvis não há útero e a pélvis dos corpos femininos está determinada pela presença deste e suas funções associadas.

Ambos constituem uma estrutura. Não existe em sem o outro, não se manifestam independentemente.

Sua correlação astrológica expressa que a manifestação do luar se corresponde sempre com uma determinada presença de Saturno. Saturno e a Lua constituem uma relação entre opostos extremamente necessária. A vulnerabilidade e indiferença lunar “necessita” da presença de estruturas saturninas e estas cobram sentido como complemento daquela; se dão com ela. No oposto, a manifestação física da Lua é o contrário de suas qualidades astrológicas. Neste corpo específico que gira ao redor de nosso planeta tem lugar à máxima mineralização e cristalização de uma entidade sem vida, desligada de todo o processo oxidante ou radiante. Do mesmo modo se pode dizer que um ovo é a “Lua”, mas a casca é Saturno. Ao mesmo tempo, leva dentro de si o Sol da vida nascente que ainda não pode se manifestar e necessita ser protegida: ou seja, que tão pouco há Lua sem Sol. Inversamente, não é possível para nós a presença do Sol sem a Lua, no sentido de proteção necessária à respeito da radiação solar. Isto pode ser representado pela camada de ozônio, pela atmosfera que nos rodeia, pelas casas e refúgios ou, basicamente, pela noite que nos protege do excesso do fogo solar e que se manifesta ritmicamente de acordo com um tempo e uma medida. A Lua, Saturno e o Sol são uma estrutura e sempre aparecem unidos, ainda que em proporções diferentes. A dinâmica cíclica destas proporções é aquilo que nós percebemos como “processo”.

O sistema solar completo apresenta, em rigor, este funcionamento, em conseqüência, todas as suas funções são mutuamente necessárias.

Toda manifestação é o emergir de um equilíbrio relativo das mesmas, isto é, de uma proporção heliográfica. Esta temática não será aprofundada aqui, mas é necessário tematizar uma lógica mais complexa que o habitual pensamento causal e seqüencial para poder dar conta dessas estruturas e chegar a captar a presença da totalidade do sistema em cada situação. Para os propósitos do presente texto nos limitaremos a contextualizar as descrições da função lunar dentro da relação estrutural entre a Lua, o Sol e Saturno, a fim de alcançar uma maior precisão, postergando uma discussão mais complexa e rigorosa para o momento em que abordarmos o estudo das polaridades planetárias.

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