Agrupado mas distante: o “objetivo participante”.


Assim é como uma pessoa com esta Lua recorre a uma postura impessoal. Como vimos, toda a Lua em Ar se dissocia do registro emocional através de uma intimidade socializada e de forte tendência a racionalização. Em Aquário, em particular, é muito forte a sensação de “intimidade compartilhada”. Pode se sentir bem realizando atividades grupais e possuir a capacidade de estabelecer vínculos de companheirismo e compreensão mútua com muitas pessoas. Ao mesmo tempo, prefere instalar-se em uma posição abstrata, onde a onda emocional não o alcance. Protegido por uma disposição mental ampla e inovadora, extremamente compreensiva, onde tudo acaba objetivamente e até de forma natural - ainda que ocorram as maiores desgraças - qualquer coisa pode ser compreendido racionalmente.

A Lua em Aquário não depende das explicações, como o faz a Lua em Gêmeos, mas necessita manter-se emocionalmente além de toda a intensidade pessoal. Imperturbável, porque de outra maneira teria que ter contato com toda a angústia acumulada, sente que observando a distância pode captar a universalidade dos processos. Dessa posição impessoal, mas extremamente aberta e disposta a compartilhar com todos - para diferenciá-lo claramente da impessoalidade capricorniana - se sente desapegada das emoções. Os demais parecem atrapalhados em uma mala pegajosa, debatendo-se na ignorância de sua subjetividade, enquanto que ele se sente uma pessoa com “emoções objetivas”. Por certo, ter emoções objetivas é o ideal do mecanismo da Lua em Aquário, também é diferente aqui da Lua em Capricórnio cujo ideal é diretamente não ter emoções. Aquário está além dessa simplificação, mas deseja transcender todo o apego e intensidade perturbadora e conflitiva. Não podemos duvidar que sua espontaneidade e amplitude guardam verdadeiramente o tesouro de uma profunda renovação dos afetos, em nível de mecanismo a pessoa está absolutamente “mais aquém” do desapego que aparenta. Na realidade é tão forte a presença dessas feridas emocionais infantis que deve permanecer desconectada das mesmas para não naufragar em uma angústia paralisante.

Pensamos que o corte espasmódico ao que foi submetida, pela manifestação da energia que lhe corresponde viver, é muito mais complexa que a frustração e o abandono da Lua em Capricórnio. A angústia é tão grande que impede a dor e elaborá-la; tocar esse vazio absoluto, essa ausência inexplicável - que não tem que ver com a rejeição, ainda que assim se racionalize - é quase intolerável. Há possibilidade que se esconda ali o medo de enlouquecer, se abre essa porta. Não se trata de um núcleo de dor associado ao imaginário que deve ser suportado, nessa desolação não há nada que possa fazer, salvo ficar suspenso espasmodicamente no vazio. Daí que a única resposta possível para fugir desse mecanismo é a convicção de que esse mecanismo não existe.

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