Começa a constituir-se o circuito.


A cena básica que antecede a todas as anteriores é a de uma mãe que diz: “te quero” e logo “desaparece”, sobre esta cena se vão acumulando experiências no mesmo sentido, até que fica estabelecido um padrão. O bebê primeiramente - e a criança depois - não tem possibilidade de compreender o processo, mas sim de estabelecer uma relação inevitável: quando há afeto este desaparece subitamente. A sensação pautada é que a segurança, o carinho, a proteção, em qualquer momento se interrompem. Aqui não se trata de um padrão de escassez ou frustração, como na Lua em Capricórnio, e sim, a certeza de que esse afeto presente e satisfatório será cortado. Podemos imaginar quanta angústia isso gera em um bebê: cada vez que se entrega a corrente afetiva esta termina sem aviso prévio, deixando-o em um estado que não pode acalmar-se tão facilmente, ainda que pareça outra fonte para ampará-lo.

Depois que este circuito se estabelece, cada vez que surge a emoção, o contato, a intimidade, ao mesmo tempo aparecerá a angústia provocada pela certeza do corte eminente. Inclusive antes que este tenha acontecido, surgirá a ansiedade e a angústia. Assim é como diz o próximo passo: “quando há emoção há angústia”, independente do que vai acontecer realmente. Neste ponto, o acúmulo de experiências - próprias do padrão energético - já produziu um padrão de respostas. Se observarmos com atenção, esta angústia é literalmente espasmódica. Na situação da dilatação - entrega - a criança padece com uma contração súbita - retiro - que logo se fará presente diante de qualquer fato que no futuro implique entrega.

Este andamento pelo qual se produz o corte antes que este se manifeste na realidade, pode ter nessas pessoas correlação corporal num corte energético na altura do diafragma. Habitualmente o corpo não é, neste caso, o encolhimento e a contração tensa da Lua em Capricórnio. Aqui se trata de espasmo, que faz com que a pessoa se dirija a experiência emocional tomando ao mesmo tempo distância dela e repetindo o padrão da “mãe”: está e não está.

Podemos advertir também que a angústia aumentará de intensidade quando mais prolongado ou tenso seja o encontro emocional. As situações de estabilidade afetiva, por um lado entrelaçadas, no fundo prenunciam o vazio eminente e gatilham toda a angústia acumulada. Como temos visto nas outras estruturas lunares, aqui se manifesta um movimento que envolve a pessoa em um duplo vínculo - neste caso na dualidade união/ pânico - pelo qual deve recorrer numa conduta que o libere do ingresso desta zona de tensão insuportável. Estas pessoas, que podem transmitir uma sensação de transparência e desapego e que se mostram tão sociáveis e abertas ao novo, encobrem desta maneira uma criança angustiada, que antecipa toda uma situação emocional tomando distância dela para não voltar a atravessar essa angústia devastadora.

Aqui se constitui o mecanismo lunar: uma forte distância emocional em uma pessoa cheia de vínculos e atividades grupais, nos quais se protege de toda a intensidade, adotando uma atitude aberta, mas impessoal e pronta para retirar-se diante da mínima ameaça.

Teremos então a seqüência da Lua em Aquário e seu mecanismo. A enorme liberdade desta energia toma forma através de vínculos primários tão perturbadores que, para não sucumbir diante dessa “afetividade enlouquecedora”, a criança se retrai diante de toda intensidade emocional, submergindo em uma alta vincularidade que lhe permita manter-se distante e desconectada do contato profundo.

Energia da Lua em Aquário

Esta Lua está dizendo “tua mãe é o céu... é um filho do céu...”, ao mesmo tempo que a criança experimenta a humana necessidade da simbiose e refúgio. A previsível conseqüência psicológica será o hábito de colocar-se além de qualquer situação intensa de modo que nada emocione - ou seja, angustie - demasiadamente.

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