Amor e sacrifício.

A medida que se obtém desejos, que cumpre com mandatos e objetivos - ele está, logicamente, vinculado ao Meio do Céu da Carta Natal - o mecanismo leva a experimentar que se obtém afeto. De qualquer maneira, e aqui perdura a dificuldade - a pessoa pode sentir-se assim, tal como é, não consegue ser querida. Isto é duro porque se instala o condicionamento que leva a buscar afeto e fazer coisas para ser querido, perdendo espontaneidade nas relações. Com semelhante pânico a frustração só atina emitir mensagens emocionais indiretas, compreensíveis unicamente para seu código interno: terá muitas dificuldades para abrir-se ao mundo afetivo dos demais se mostrando como é. Espera a sua noiva, por exemplo, debaixo de chuva durante 3 horas... e quando ela chega lhe diz: “que faz aqui todo molhado, porque não me esperou em um bar? Agora bem, estar esperando na chuva durante 3 horas, é difícil para alguém sustentar esta situação, é uma mensagem fortemente afetiva para essa pessoa. Ali se fixa a confirmação da solidão e a dar afeto a si mesmo, como a demonstração desta particular capacidade de entrega e carinho - tão valorizada pela “mãe”- que é suportar e fazer coisas para os outros. No lugar de dizer “te quero”, a pessoa com a Lua em Capricórnio prefere dizer coisas que demonstram o afeto como ela entende. No geral, não é o que o outro realmente necessita e sim o que ela - que não é por certo uma perita em registrar necessidades próprias e alheias - imaginou. Sacrificar-se, reter, sustentar, calar-se “sabiamente”, são atitudes que assinalam afeto, são mensagens claríssimas deste ponto de vista. É provável que não sejam compreendidas e nem se quer escutados, mas sentir que sua expressão silenciosa de afeto é rejeitada simplesmente reforça o circuito, conformando-o. E assim estamos novamente no ponto de partida.

Esta circulação se converte em destino em base a estes mal-entendidos afetivos, e haverá de repetir-se uma e outra vez, até que produza o desprendimento da estrutura infantil, mascarada de amadurecimento.

A confusão do maduro com o infantil é o equívoco central desta Lua. Que a energia capricorniana se manifeste no nível emocional de um bebê, até que se sobreponham confusamente no adulto as necessidades infantis com as atitudes maduras. A possibilidade de articular essa dupla estrutura - na qual não se pode efetivamente realizar estas distinções - encerra, a meu juízo, a chave deste mecanismo lunar.

A repetição e acumulação de experiências de escassez emocional e a frustração, a afetivação da solidão e a disciplina e a recorrente minimização das necessidades, faz com que se constitua uma convicção interna de auto-suficiência, sólida e solitária, sempre a dar tudo o que se espera dela.

Este personagem tão sério, na realidade é uma criança: se comporta de tal maneira porque está convencida de que deverá reproduzir as condições de sua infância, e tem permanecido fixo no modo de resolução inicial destas situações. Mas por baixo desta estrutura, teremos todas as carências e o vazio emocional que a gerou em seu momento, isto é, no núcleo afetivo carente que nunca recebe o que realmente necessita.

A Lua em Capricórnio, no mecanismo, se tem organizado em torno deste núcleo totalmente desprotegido e necessitado, recobrindo-o com uma estrutura que tem decidido ignorar e inclusive registrar o afeto que pode chegar até o exterior, abastecendo-se.

O habitual é que estas pessoas não conhecem as reais dimensões das feridas psicológicas que se produziram nos primeiros anos de vida, ou as ignoram por completo ou acreditam tê-las superado. Por um lado, superar feridas, carências e frustrações é precisamente o que as faz sentir-se seguras enquanto por outro, a reparação da dor sentida é tão grande que ambas tendências se excluem mutuamente, reforçando-se o hábito de contração.

Na aparência, esse peso tem transcendido as marcas de sua infância, mas o mero fato de mostrar-se dessa maneira confirma que o mecanismo está ativo. Em outras palavras, precisamente a suposta negação da necessidade emocional, se está julgando uma necessidade emocional. De resto, a pessoa está buscando afeto constantemente e a maneira de obtê-lo é fazendo coisas para os demais, cumprindo com obrigações excessivas, postergando as gratificações e demonstrando a todo mundo que pode “sozinha”.

5 comentários:

Tayná disse...

Eu sou assim... Fico espantada que me descreva tão bem. Como você conseguiu?... Eu gostaria muito de saber.

Lara Moncay Reginato disse...

Estudando amiga, buscando bons autores, traduzindo textos, e como podes verificar no marcador "explicativas" esses agradecimentos devem ser feitos a Eugênio Carutti, a minha participação está na tradução.
abraços.

Pri Bergantin disse...

Incrível descrição, dá até medo!! Eu mais do que ninguém me iludo e me frustro, tudo internamente, a pessoa que me causou isso nem imagina. É muito constrangedor ser assim, às vezes acho que só sinto ilusão e frustração, e isso é muito triste. Sou ótima em dar conselhos e avaliar a situação dos outros, as pessoas sempre me procuram pra isso até, mas quando se trata de mim sou um desastre, se tenho sentimentos por alguém travo as quatro rodas e transmito indiferença! Existe alguma forma de atenuar essas características e se abrir mais para os sentimentos? Estou cansada de viver guardando pra mim... abraços!!

Anônimo disse...

Oi, Lara.
Parabéns pelo blog, estou adorando os seus textos...
Conheci recentemente no meu ambiente acadêmico um libriano com a Lua em Capricórnio e estou gostando de ficar perto dele, e acho que a atração é mútua, embora às vezes ele tenha umas atitudes estranhas, umas "quase grosserias", ou seja, sofro com uns baldes de água fria e nessas ocasiões perco o tesão por ele.
Mas o que me atrai nele é justamente seu ar sério, reservado, ele não faz o tipo deslumbrado. Ele passa credibilidade!
Sou canceriana, com ascendente, Vênus e Marte em Touro, ou seja, eu só quero amar, rs... :) Sou muito amorosa e afetiva. Não vou desistir dele :)
Um abraço.
L.

Lara Moncay Reginato disse...

Boa Sorte na sua conquista!