Associações, afetivações, mecanismos.

Podemos pensar que, na medida em que as sociedades modernas aumentem sua tolerância às diferenças, a vivência desta Lua não afetará tanto a necessidade de simbiose com o meio que ainda nos caracteriza. Entretanto e no geral, podemos ver esta Lua em crianças que foram obrigadas a adaptar-se a uma excessiva diferenciação, o que lhes impediu de entregar-se completamente ao meio para se sentirem incluídos nele: havia algo que os deixava sistematicamente fora do que os demais estavam compartilhando. Diferenças culturais, raciais ou religiosas entre sua família e das outras crianças do bairro, atividades dos pais “inexplicáveis” - do ponto de vista da criança - a hora de responder as perguntas de seus amigos, aparecer no colégio na metade do ano letivo e passar para outro muito diferente antes que termine o ano, são todas experiências quem sabe não tão relevantes como as anteriores, em relação a corte emocional, mas que impedirão a criança de ter a sensação de pertencer a um meio ao qual integra-se completamente.

Podem ter existido muitas mudanças?

Sim, isso é também muito comum. Imaginem essa criança ao que acontece no bairro, cidade, país e o colégio, como irá adaptar-se? Cada vez que se entrega ao mundo se seus companheiros é subitamente arrancado dali. Rapidamente compreende que, cada vez que chega a um lugar, logo deverá ir-se. Estará aberto à novos companheiros? Seguramente conhecerá muitas crianças, chegará a ter amigos muito diferentes entre si, mas é difícil que consiga estreitar o relacionamento com alguém.


Do mesmo modo, ter pais estranhos ou diferentes dos demais por seus ideais, condutas, nacionalidade ou profissão, lhe produzirá uma forte sensação de inadequação, com sua conseguinte angústia. Aquilo que em outro contexto ou em outra idade pode ser vivido como original e criativo, na infância pode provocar uma gangorra devastadora. O importante para nós é perceber como, por distintas vias e com distintas intensidades, se repetirão experiências de descontinuidade e inadequação que, inevitavelmente, haverá de angustiar a criança e cuja acumulação representa o mais difícil de elaborar na Lua em Aquário.

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