Como pode acabar o mecanismo regressivo da Lua?

Vejamos, antes de tudo, como está construída a pergunta. A Lua, ou o mecanismo lunar, não é um defeito, em todo o caso, revela a persistência de uma identificação que podemos chamar regressiva. Se julgo como defeito e me prolongo falando por um ato da vontade, se reforçada a distância entre o nível lúcido - que aqui julga e condena - e os níveis inconscientes.

Esse modo de planejar a questão é sintético ao mecanismo lunar e por isso pode perturbá-lo, mesmo que pensemos o contrário. Recordamos que o mecanismo lunar nasce de uma identificação que exclui as demais energias da carta, nas quais não é capaz de integrar-se. Quando se estabelece um juízo sobre ela, quem fala é uma dessas partes “externas” a Lua que, a sua vez, quer mantê-la excluída. É o mesmo jogo mas desde o outro lado, ou seja, neste conflito predominam as funções fragmentárias e eterniza sua dinâmica. Ao ativar-se a fragmentação, tanto do lado presumidamente “maduro” como regressivo, aquela domina o jogo consumindo toda a energia e inibindo o desenrolar da função de síntese.

As funções sintéticas, por definição, não excluem. Daí que a chave, a meu juízo, consiste em dar-se conta do mecanismo lunar sem tentar terminá-lo. Só o erro de vê-lo, de assistir lucidamente ao momento que este se manifesta - não depois, quando não há outra possibilidade de acabar - até que se apresente simultaneamente os níveis e funções que até o momento se excluíam. Aí, há síntese e esta atuará com a dinâmica que lhe é própria e que está mais além da vontade, a inteligência global do sistema operará reforçando as distâncias.

Agora bem, no caso da energia lunar, a síntese necessita alcançar níveis mais maduros que estão fortemente condicionadas por um medo primário. Aquilo que essa Lua especifica como perigo é o que ativa a resposta defensiva, ainda que os outros níveis da mesma estrutura não lhe experimentem como perigo. Em geral, as capas mais profundas da energia lunar e seu mecanismo estão na ordem do vegetativo, inclusive à níveis somáticos. No caso da Lua em Áries podem ter sido resignadas a unilateralidade das mensagens afetivas, a relação entre segurança e atividade, etc. O corpo mesmo segue carregado de tensão, organizado por uma irritabilidade e uma exasperação básica e terá que permitir que estas acumulações se manifestem para que a consciência lhe outorgue um novo contexto. Mas além de metodologias terapêuticas, desde o ponto de vista estritamente astrológico, o próprio sistema irá configurando um destino, uma série de situações, acontecimentos e vínculos onde estas capas mais profundas tenham a oportunidade de emergir e diluir-se na totalidade de si mesmo.

Se trata simplesmente de estar atento ao movimento do destino, captando dentro das reações mais sutis, ligadas ao temor. Nos trânsitos que envolvem a Lua, por exemplo, o estado real de dissociação e fragmentação que exista no sistema, ou as confusões acerca do afeto, o registro, necessidade e, a segurança se revelarão inevitavelmente por si mesma, em situações concretas. Serão, em conseqüência, uma oportunidade para ascender um novo nível de integração.

Um comentário:

Tatiany disse...

Lara, após ler todos as publicações sobre a lua em Áries venho deixar minha contribuição e gratidão nos comentários. Tenho Sol em Capricórnio e Lua e Ascendente em Áries. Todos os textos bateram exatamente com o que se ocorre na minha psique, e já os percebia antes mesmo de ler esses textos, mas ainda não tinha uma confirmação. Minha infância foi marcada por situações de abandono, desamparo, agressões rodearam minha existência. Minha mãe é narcisista, fui criada até certa idade pela minha avó materna que tbm é narcisista e extremamente castradora. Sinto que desde que nasci há brigas ao meu redor, ou direcionadas a mim, e desde que adquiri independência fugi dessas pessoas como o diabo foge da cruz. Mas, como se trata de um padrão comportamental característico dessa lua ainda assim atrai relacionamentos onde me sentia invadida, e por consequência agredida e respondia essas atitudes com rebeldia e devolvida essa agressividade, causando um certo isolamento. Mesmo com pessoas muito queridas sinto que elas brigam comigo, e que buscam estar sempre me invalidando e invadindo meu território, meu marido é uma dessas pessoas. Agora, sinto que tenho em mãos a responsabilidade de dar um fim a esse ciclo vicioso, mas não sei se entendi muito bem como fazê-lo. Já tentei me isolar das pessoas, já fugi e me distanciei achando que os problemas cessariam mas o que trouxe para minha alma foi uma extrema depressão, ansiedade e pânico. Então hoje percebo que é importante e vital para minha saúde mental estar cercada de poucas pessoas, mas ainda assim de alguém, pessoas que eu confie (apesar de ainda assim ocorrerem confrontos).
Acho que consegui chegar a esse esclarecimento por conta da minha casa 8 em Escorpião ter Plutão domiciliado e Júpiter, o que me faz ter uma constante auto análise.
Agradeço enormemente pelo seu conteúdo, me ajudou a enxergar que o "problema" não está nas pessoas ao meu redor, mas sim dentro de mim mesma, então é muito mais viável solucionar. Gratidão!