Lua em Touro

Energia e psicologia.

Igual ao capítulo anterior, seguiremos utilizando - por necessidade pedagógica - as diferentes imagens que são necessárias para aprendermos a complementaridade. Teremos por um lado, a imagem energética que permite referenciar algo fundamental: que a energia da Lua não é uma questão meramente psicológica.

Isto se enlaça com o mais difícil de nosso aprendizado e é precisamente a compreensão daquilo que chamamos “psicológico”, como uma conseqüência da identificação da consciência com um fragmento do campo energético em que esta se manifesta.

Antes de entrar no específico deste capítulo dediquemos alguns parágrafos ao tema e tentaremos nos manter neste ponto, tão exigente para todos. Ser coerente com a informação que traz a astrologia obriga a considerar aquilo que se manifesta no instante do nascimento - estruturalmente ligado ao instante da concepção e o momento do nascimento dos pais, irmãos, avôs, tios - é um campo vincular ligado a um corpo e a uma consciência que emerge deste campo. Este campo possui padrões recorrentes e qualidades específicas que acontecem ao mesmo tempo, tanto no que a consciência reconhece como “interior” a ela, como no mundo “exterior” que a rodeia. Neste “exterior” poderá variar as pessoas concretas que o manifestem, mas a estrutura global permanecerá inalterada; o significado da mãe e a casa da infância, por exemplo, passará as futuras casas, a sogra, as instituições que pertencera, etc. É neste campo vincular onde a consciência - cuja tendência inata a leva a identificar-se com um fragmento daquele - aprende a não se identificar e integrar-se a um sistema mais vasto, em que se desprende.

O que antes de tudo pode impactar na astrologia é que a natureza do vínculo com a mãe, ou com o pai - ou inclusive com pessoas que não existiam no momento do nascimento como irmãos, filhos, parentes - é previsível pelo mero fato da pessoa ter nascido em um momento determinado e não em outro. É dizer, esse era o momento do nascimento e não havia outra possibilidade para essa estrutura. Esta constatação nos faz dizer que o vínculo com a mãe, por exemplo, “estava escrito”.

É fácil demonstrar o quanto simples e linear é esta visão, sendo que não é só a mãe concreta que corresponde a estas determinações, e sim quem sirva de “mãe” na vida da pessoa, além do marco afetivo familiar, o brincar, as casas, os trabalhos, etc., como já vimos. É dizer: se repete um padrão que envolve uma série de pessoas e situações assim como as características de comportamento.

Poderíamos pensar - por oposição à determinação clássica - que este padrão é uma projeção inconsciente ligada a pessoa, que condiciona a sua maneira de perceber os outros, nos quais deposita as qualidades de “mãe”. É preciso recordar que existem traços absolutamente independentes da criança em que se manifesta a energia lunar de sua Carta, tanto quanto qualquer outra energia da mesma. As condições concretas do parto, em torno do nascimento e da infância, as atividades dos pais, se atualizam dentro de uma gama de possibilidades totalmente previsíveis, e neste caso não há um jogo, nenhuma projeção inconsciente da criança. Que em seu campo afetivo haja periodicamente um grande amor a leitura, se tem a Lua em Gêmeos, ou que seu pai valorize a comida de sua mãe, se tem a Lua em Touro, não são projeções psíquicas, mas sim, partes de um campo energético. Ao mesmo tempo, quando a Lua é aspectada ciclicamente de maneira determinada, sucedem acontecimentos ligados a esta pessoa, isto é, ligada ao padrão lunar. Em um trânsito de Urano em oposição a Lua, por exemplo, podem terminar a decoração de uma casa e ao mesmo tempo a mãe pode estar sofrendo problemas psíquicos; e também a sogra pode estar viajando, inclusive a ex-sogra pode estar entrando em um avião na mesma época.

Que aconteçam coisas com a mãe, a casa, a sogra e inclusive com a ex-sogra ao mesmo tempo, são acontecimentos e ligações sincrônicas que não podem reduzir-se a projeções inconscientes. Uma rede vincular ativa-se sincronicamente “fora” e a sua vez - com independência de que o afete ou não, posto que pode inteirar-se muito depois, ou quem sabe nunca, destas sincronicidades e manifestações - estes acontecimentos estão simbolicamente ligados a alterações do mundo interior da pessoa. Não há casualidade linear entre a pessoa e os distintos acontecimentos que se manifestam. Se trata de uma estrutura sincronística na manifestação; isto é, de um padrão energético vincular.

Agora bem, a pessoa concreta tem distintas possibilidades para instalar-se nesta rede de comportamentos e acontecimentos. Esta estrutura atuará desde o início da vida sobre a criança, marcando uma história afetiva que ficará gravada em sua memória. Por certo, isto se articulará psicologicamente propiciando a identificação inconsciente com certas formas, imagens e contextos que ficarão ligados a segurança e ao afeto. E isto é o que chamamos, precisamente, de mecanismo lunar: o hábito de permanecer na posição de origem da manifestação do campo energético, condicionando a possibilidade de explorar novas identificações e interações da energia lunar a totalidade do sistema...

Entenderemos o psicológico como uma reação - uma resposta condicionada - ao energético. O energético - e seu simbolismo, que é a Carta Natal - é algo dado. Neste sentido, a qualidade da Lua em um signo é uma presença constante porque forma esse sistema: o que pode variar é a maneira como a consciência responde a repetição energética.

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