O difícil encontro com a realidade.

Ainda que uma Lua em Sagitário nunca chegue a manifestar o tipo de personagem que estou descrevendo, a dificuldade maior será - desde um princípio - na presença de idéias e crenças muito fixa. Estas operam como garantia de proteção e por isso esta pessoa se recusa a revisá-las ou a submetê-las a uma refutação por meio da experiência. Como reflexo ou prolongação destas pessoas piedosas e sabias que influíram tanto na sua primeira infância, a Lua em Sagitário se fixa em convicções e ideais inconscientes, para descansar nesta segurança ingênua contra a qual o resto de suas energias - cedo ou tarde - terão de investir para que possa manifestar-se a totalidade de si mesmo.

Isto quer dizer que muitas vezes estas Luas “negam que negam”?

Claro, é uma conseqüência natural. É difícil abordar este mecanismo lunar porque, frente a tanta sensação de otimismo e de certeza, qualquer pessoa que tente desnudá-lo se transforma em um inimigo. Que sentido tem tirar a chupeta de uma criança alegre e confiante? O ponto é que não se trata de uma criança e sim de um adulto, que a partir deste refúgio se comporta infantilmente, com desagradáveis conseqüências. Por exemplo, suponham que os efeitos desta Lua na vida de um empresário cujos negócios não estão produzindo o que tem que produzir e que, por tanto, se encontra em dificuldades. O movimento correto é enfrentar a realidade e fazer os contatos necessários em sua empresa, mas é provável que postergue indefinidamente a aceitação deste limite. Estará convencida primeiro de que “os maus tempos irão terminar logo” e logo se lançam sobre a primeira possibilidade de fazer um grande negócio, tanto melhor se é uma relação com o estrangeiro. Idealizará uma nova possibilidade, acreditando ver nela a sua salvação e pondo ali toda a sua energia no lugar de realizar os contatos que necessitava com o que provavelmente, a situação melhoraria. Esta aparente confiança em si mesmo e na vida. Com a insistência em sustentar o entusiasmo e a expansão, é o mecanismo em que está atrapalhado.

Neste ponto tem relação com a Lua em Peixes?

Sem entrar em muitos detalhes - que logo descreveremos - digamos por hora, para distinguir, que a Lua em Peixes responde a um excesso de sensibilidade, de onde é difícil dar respostas maduras aos desafios da realidade. Na Lua em Sagitário, no contato, se trata de idealização. Isto é, de tomar alguns fatores reais e exagerá-los, confiando cegamente que algo ou alguém virá a proteger a ação realizada.

Ou seja, não vê a realidade de nenhuma maneira?

Vai se encontrar com seus limites e os aceitará tão bem como qualquer outro, quando a necessidade emocional ainda não tenha ativado o mecanismo. Mas o que quero descrever-lhes é o processo pelo qual o mecanismo se impõe reiteradamente, a fim de não emergir da ilusão idealizada. Para entendê-los um pouco melhor, pensem que a Lua em Sagitário - com a construção que foi feita de seu passado infantil - possa converter-se “a tortura do psicanalista”, porque a infância é geralmente recordada como maravilhosa e absolutamente livre de conflitos.

Certamente existiram coisas maravilhosas em sua infância, mas seguramente terão acontecido também complexidades, dores, sofrimentos, e é muito difícil que a Lua em Sagitário os reconheça. Pode construir um paraíso com seu passado, de que recorda a sensação de abundância e felicidade, evitando ou minimizando qualquer sofrimento. Nem falar, obviamente, de aceitar as correntes profundas e a trama de desejos inconscientes que poderiam ter existido na família. Todos sabemos o que implica a repressão desses desejos, ainda que possam parecer uma atitude positiva no plano consciente. Conectar-se com a dor é muito difícil para estas pessoas, lhes gera uma enorme desilusão porque, no nível superficial, quase apagaram suas recordações penosas retendo só as partes luminosas. Bem, possivelmente a Lua em Sagitário dirão ao escutar isso “que leitura escorpiana, para quê tenho que me conectar com a dor?”.

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