O lento trabalho com este mecanismo lunar.


Chegado este ponto, vemos que há uma dupla volta a percorrer no padrão da Lua em Aquário, por um lado é preciso reconhecer e ter contato com a presença dessa angústia acumulada. Mas logo é preciso abandonar a fantasia de que é preferível experimentar o vazio afetivo - com todo o circuito concomitante - antes de integrar-se a esta vincularidade que obrigue a romper essa auto-imagem de excepcionalidade emocional. Isto não é feito por um ato voluntário, que só se retrairia no processo do nível anterior.

Este processo pode unicamente ter lugar através de um contato e uma entrega progressiva e compreensiva, que leve a pessoa a abrir-se realmente com os demais, sem defesas e confiando. Fazendo-o, em definitivo, como disse, o significado profundo da Lua em Aquário e como pede o mecanismo configurado a partir das feridas iniciais.

Tanto na Lua em Capricórnio, como nesta, há uma tendência para o abandono?


Não. Distinguimos claramente a experiência de rejeição e frustração na solidão de Capricórnio, com a impossibilidade de compreender um corte ou uma instabilidade constante. Na Lua aquariana há algo que, pode ser racionalizado como abandono, pertence profundamente a ordem do que não tem referência, de algo que não podemos compreender nem processar. Em Capricórnio há tempo para registrar e por isso sofre, mas aqui a criança não pode elaborar nada e por isso a experiência é dolorosa, ficou sepultada em uma zona ligada ao pânico. Esse mecanismo lunar faz todo possível para esquecer que existiu essa ferida.

É certo que em ambas as Luas está presente a sensação de necessitar pouco afeto, mas enquanto a Lua em Capricórnio tende a sentir-se abandonada ou a registrar que nada quer, a Lua em Aquário nunca sentiu isso. Está rodeada de pessoas que afetivamente a querem, mas a uma distância “conveniente”. Enquanto presente a intensidade afetiva se produz o corte que a leva a uma dimensão impessoal, como se o que lhe ocorre estivesse acontecendo à outra pessoa, como se fosse o analista de suas próprias emoções. Poderemos observar que, em sua possibilidade de dissolução, é capaz de chorar e dizer ao mesmo tempo “estas lágrimas indicam que estou em contato com o que está passando...”. Em geral, isto é o que faz o ar: dividir a energia levando-a ao plano mental, para diluir a carga no nível emocional. As Luas em ar valorizam isso como se fosse uma qualidade, uma demonstração de que se movem em uma realidade “superior”, seja esta racional ou espiritual. É muito difícil para ela aceitar que na realidade, foge do que ainda não compreendem: será o destino, com sua insistência, que a leva uma e outra vez a essas zonas que acreditam ter superado, para que possa produzir-se uma verdadeira síntese e não uma dissociação.

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