Rescindir, experimentar e multiplicar, para acalmar.

Veremos que, em geral, estas pessoas cedem continuamente a tentação de dispersar-se e de abrir novas metas, com a convicção de que assim se multiplicam as possibilidades. Esta fragmentação incessante de suas atividades as deixa cedo ou tarde sem energia disponível. Assim ficam presas em um padrão do destino onde freqüentemente acontecem crises provocadas pela impossibilidade de sustentar tantas perspectivas abertas. Será oportuno que a Lua em Gêmeos se pergunte o que o assunta realmente no momento em que se lança à vários caminhos diferentes, ou cada vez que alcança rapidamente uma explicação brilhante acerca de uma situação. Outro padrão de destino habitual nestas pessoas é o desencadeamento de crises por excesso de racionalização de uma dada situação. Isto é muito marcado nos momentos de conflitos afetivos, quando o mecanismo de dissociação as leva desesperadamente a tratar de “entender”, no lugar de permanecer profundamente em contato com o que ocorre.

O que podem fazer? Não há muitas alternativas, visto que não têm contato com as suas emoções...

Não sou muito afetivo, dizem aos demais, para com os que assim deveriam ser. Quer que uma pessoa saiba o que os demais tem que fazer e constituir-se assim em uma autoridade acerca de suas vidas, me parece uma atitude muito perigosa. A meu modo de ver é possível, no contato, ajudar a desmascarar os condicionamentos que retiram a expressão dos níveis mais profundos de uma pessoa. Ao adverti-los se gera um vazio na circulação habitual da energia que não chegará com as projeções do astrólogo, e sim pela dinâmica natural do conjunto do sistema. Daqui surgirá a única resposta realmente significativa, ainda que um observador externo suponha - desde sua posição - que pode fazer outras melhores

Claro que alguém pode sentir a tentação de dizer a uma Lua em Gêmeos que recorra a um nível intuitivo e que, por exemplo, faça uma tirada de I Ching ou que preste mais atenção a seus sonhos. Mas o problema está em que ao fazê-lo, em seu nível inconsciente a pessoa acredita ser um “maestro taoísta” ou mesmo Jung. A Lua em Gêmeos dificilmente permanecerá em contato com a substância onírica ou com o mistério dos hexagramas, e sim, buscará interpretações; e isto é o que queríamos evitar. Se alguém que tem como mecanismo básico a racionalização e consegue mascará-la com uma qualidade mística e intuitiva, entramos em um problema muito mais grave que no começo.

O mecanismo lunar é muito insistente e mantém-se mais ou menos oculto e não se revela a pessoa seu componente infantil.

Acredito que primeiro devemos compreender do que estamos nos protegendo através dele e aprender a atravessar esta zona de desproteção tão temida. Só ali surgirão realmente os recursos mais maduros do sistema e se produzirá a integração necessária.

Toda a Lua em Gêmeos deveria tomar contato afetivo com o pânico que produzem as situações que estão além das palavras. Por exemplo, o que acontece antes daquilo que não pode entender - ou quando não se faz entender - que sente ao ficar sem explicações próprias ou sem conseguir que alguém o explique. Tudo que não possa ser posto em palavras produz temor em um nível emocional básico ainda que outros níveis de sua estrutura não o registrem assim, está é a sua principal dificuldade. Suponhamos que na carta de alguém com muito Peixes ou Escorpião tenha uma Lua em Gêmeos: não lhes será fácil perceber até que ponto a expressão de seu Sol ou o aprendizado de seu Ascendente o levam em direções que aterrorizam seu nível mais básico. Este começa então a operar desenvolvendo explicações que parecem brilhantes, mas que na realidade são cada vez mais irrelevantes e defensivas. Ou então, desperdiçando-se em muitas atividades e iniciativas, até que inevitavelmente se produza o encontro com aquilo, que do qual pretende fugir.

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