Um corpo com carga acumulada

Outra questão importante é o ressentimento que a pessoa com a Lua em Áries absorve e acumula no próprio corpo desde sua infância. No início a pessoa tende a confundir esta carga reativa armazenada com energia vital disponível e por isso parece sempre muito ativa e desejante. Mas na realidade, sua conduta é basicamente de descarga, no qual se faz visível num eixo que move muito bem em situações “breves”, de rápida resolução. É muito difícil tomar decisões relacionadas com grandes espaços e tempo ou projetos à longo prazo que exijam continuidade, perseverança e síntese de ação. E quando o Sol ou Ascendente correspondem as energias de Capricórnio, Leão ou Sagitário, a presença da Lua em Áries tenderá a levar as decisões estratégicas e estas sejam tomadas - ou fiquem comprometidas - por uma sucessão de reações bruscas ou recorram a iniciativas de curto alcance.

A pessoa com esta Lua manifesta uma grande energia corporal e assim como uma grande afetividade e presença de ânimo. Estes são seus talentos, junto a uma grande habilidade motora e a capacidade de resposta e iniciativa. Mas cabe perguntar-se “realmente esta situações expressam algo autenticamente seu? Ou se protege nelas para evitar outras - quem sabe mais coerente com o resto da Carta Natal - em que sente perigo ou insegurança?”

De alguma maneira, esta Lua não pode se compreender até que aflore toda a irritabilidade própria de suas marcas psíquicas e, em algumas estruturas, isto é o verdadeiro problema. Pensamos, por exemplo, em um virginiano forte que não se autoriza estas descargas e as segue acumulando. Teremos neste caso uma personalidade muito contida e, na qual, a agressão se manifestará apenas em ocasiões muito especiais, sobre tudo com os seres mais queridos. Porque esta Lua quanto mais experimenta afeto, tanto mais provoca, discute e se enoja. Que pensar quando uma pessoa com a Lua em Áries nos diz algo com excessiva franqueza, nos hostilize, ou nos chama por telefone a qualquer hora da noite com qualquer pretexto? Ou está assustada por alguma razão ou nos está enviando uma mensagem afetiva particular. Se não se sente imersa em um contexto afetivo, não nos hostilizaria, nem nos enviaria seus dardos verbais. Por tudo isto, é muito difícil que esta Lua perceba o mal-estar do outro por algo que ela tenha dito. Tão pouco consegue prever a reação dos demais a respeito, porque seu modo de demonstrar afeto inclui necessariamente certa agressividade. Como se sente cômoda nesta situação, lhe custa perceber o possível desagrado que seus “modos afetuosos” produzem nas outras pessoas.

O que é cômodo e seguro para alguns não é para outros. Na qualidade lunar se expressa a possibilidade de intimidade e confiança mútua, mas freqüentemente nossas necessidades e as mensagens que emitimos dos nossos filtros lunares provocam a reação oposta em quem nos rodeia.

Tudo isso faz, obviamente, que o comportamento de uma Lua em Áries seja entendido muitas vezes como desconsideração. Mas imaginemos alguém com sol e ascendente em Libra e Lua em Áries: quando se põe inseguro, resulta um inferno para os demais mas sobretudo para si mesmo. Muitas de suas reações podem não corresponder em absoluto com o resto da estrutura e ficam na pessoa, inconscientemente, comportamentos que ela mesma não compreende.

Acreditam que o que dizem é para o bem dos outros?

Não isso seria por demais reflexivo e em todo caso, pode ser uma reflexão posterior. A Lua é sempre uma energia primária, anterior a toda a consideração pelo outro, é a condição da própria segurança emocional. A pessoa com esta Lua nasce, recordemos, com agressão e afeto vinculados.

Este hábito pode gerar-se, então, a partir de uma mãe intrometida?

Se optarmos por uma explicação psicológica podemos dizer que sim, mas não se trata de que a “causa” tenha sido a mãe intrometida. Essa mãe foi a primeira manifestação de sua própria energia e a pessoa experimentou com ela uma seqüência de interações que lhe são essencialmente próprias em tantos sintomas energéticos.

Nenhum comentário: