Lua - Espelho e Reflexo

Como sabemos, a Lua não possui luz própria e sim existe por um processo de reflexão. Sua presença ilumina a noite refletindo a luz solar, ao tempo que monitora os efeitos dessa última a fim de aliviar o excesso de radiação. O espelho que devolve uma imagem que não é a realidade do que é refletido, é um clássico símbolo lunar. Pertence ao mundo de objetos simbolizados pela Lua, mas possui a sua vez, significação de paradigma em relação a sua função. O efeito se constitui a partir de uma fina lâmina de nitrato de prata que recobre a parte posterior do vidro, sobre o que produz a imagem. Esta rede de associações entre reflexo, espelho, prata e imagem, são muito relevantes na hora de discriminar uma das ambivalências fundamentais da Lua: possuir vitalidade própria ou inerte? É criativa ou só repetitiva? Em primeiro lugar, a Lua sempre depende de um impulso externo a ela para a realização de sua função. Sua indiferenciação básica ou sua qualidade reflexiva/passiva não lhe permite tomar a iniciativa e a autonomia, pelo menos no início dos processos de que participa. Ao inverso, não existe processo sem o curso da Lua, onde quer que exista substância.

Sua criatividade é própria do receptivo, repetindo-se até desenvolver a totalidade da forma com que foi informada ou que aceitou o impulso. Isto indica uma enorme vitalidade, fecundidade e capacidade de reprodução, mas sempre com repetição da estrutura adquirida, carecendo da capacidade de alterar a si mesma o padrão no qual ficou fixada. Seguindo com o exemplo biológico, depois da união e determinado o entranhamento genético, a estrutura “óvulo fecundado – útero – mãe” (Lua) prossegue por si mesma o crescimento do embrião, mas não se encontra em suas funções a modificação da pauta genética estabelecida.

Uma vez desencadeada, a inteligência lunar se repete em si mesma, inibida do desenvolvimento variável. Nesta limitação fica radicado a potência de sua função, sua vitalidade e fecundidade específicas, complementárias ao Sol. A repetição é imprescindível e isto é visível no biológico, por exemplo, com a réplica incessante do DNA em um nível celular básico, atividade essencial para que a totalidade do sistema se mantenha viva e tenha sua forma. Quando se tenta compreender a Lua em relação ao resto do sistema, especificamente no plano psicológico, sua tendência a repetição representa uma das maiores dificuldades.

2 comentários:

Plínio Lúcio disse...

Gostei muito dos textos do seu blog, são ao mesmo tempo "simples", explicativos, e gostosos de ler.

São tão bons que tive a paciência de fazer uma conta para comentar aqui.

Parabéns, não deixe de escrever!

Lara Moncay Reginato disse...

Quase um ano depois! Obrigada!