Ações afetivizadas, reações, mecanismos.

Se a Lua em Leão estivesse maduramente integrada ao resto da carta natal, dali podiam surgir outros recursos para reconstruir as situações temidas. Mas em tanto hábito inconsciente, a pessoa não sabe o que fazer, salvo mostrar-se orgulhosa e - como a ausência de resposta positiva a isto, aumenta a sua insegurança - se incrementa o correspondente comportamento altivo para conjugá-la. Impõe-se aqui, o mecanismo em que ele é o “príncipe”, para seguir sendo-o, decide que está rodeado por “torpes plebeus” incapazes de reconhecer quem ele realmente é. Assim, o mecanismo de defesa da Lua em Leão a leva “a colocar o nariz à 45”. Ou seja, maximizar seu orgulho até chegar ao desprezo. Isto, gera irritação nos demais, para quem é impossível compreender que na realidade se trata de uma pessoa assustada, insegura e necessitada de afeto, que expressa isto de uma maneira absolutamente paradoxal. Geralmente, não é muito difícil compreender alguém nos momentos em que se encontra atrapalhado por seus condicionamentos.

A indiferença pode lhes ser, por tanto, altamente ofensiva.

Sim, a ofensa se produz simplesmente se o outro não se dá conta imediatamente que ele - ou ela - está ali. Tentem imaginar o que acontecerá com Madona, que tem por hábito emocional - e podemos dizer inclusive corporal de ter todos os olhares e as atenções dos demais, se de pronto não fora reconhecida por ninguém quando anda na rua. Provavelmente se lado mais maduro se sentirá aliviado, mas seu hábito a faria sentir-se em uma situação desconhecida. Vai se sentir obrigada a apelar a outros recursos e não simplesmente ao que fica instalado em “Hei, sou eu, Madona... como é possível que não reconheçam!”. Exatamente isto acontece com a Lua em Leão e quero dizer através do exemplo que o central aqui é o hábito. Há uma sensação recorrente de centralização, se organizando - como em toda a Lua - uma sensorialidade que implica afeto e corporalidade em uma síntese, que se sente segura e relaxada somente se confirmam essas sensações. Por isso, nesta ou em qualquer outra Lua, dependemos inconscientemente dessas vivências e sua ausência ativa os comportamentos associados com a geração das mesmas. Esta ausência provocadora de respostas automáticas é toda a questão e isso pode levar, em um limite, a uma atividade exasperada e quase frenética do mecanismo. Isto se observa tanto na briga da Lua em Áries como no apego taurino, na racionalização geminiana ou, neste caso, na altivez leonina.

Esta Lua pode compreender quais são suas necessidade afetivas?

Aqui reside precisamente o perigo. A Lua em Gêmeos se dispõe a ler um livro enquanto a situação se complica, ou se lança a fazer várias coisas de uma vez para tranqüilizar-se, quando na verdade está incendiando sua casa. O mecanismo lunar gera comportamentos que nos distanciam cada vez mais da realidade da situação e de nossas verdadeiras necessidades. O comportamento da Lua em Câncer é arquetípico: em fechar-se sobre si mesma e não olhar acreditando que assim se resolvem as situações difíceis. Toda a Lua, no nível do mecanismo, se fecha sobre si mesma e não olha: no comportamento ativo de uma Lua em Leão a pessoa é um bebê com os olhos fechados, incapaz de compreender o contexto real da situação, e por isso continua dando uma resposta completamente inadequada a mesma.

Não é fácil apreciar toda a dificuldade deste círculo vicioso e compreender o grande sofrimento que gera, como alguém que está trancado em uma caixa invisível, o mecanismo desta Lua separa as pessoas das demais quando mais necessitam. É muito fácil para elas - e me refiro a talento - refugiar-se em um mundo de escassos vínculos e bombardear relações ou possibilidades importantes.

Quem sabe a maior dificuldade deste mecanismo lunar é sua tendência a ficar desobrigada diante dos demais, porque suas respostas básicas estão ligadas ao orgulho. A pessoa mesmo pode não entender porque se comportou desta maneira.

Na realidade o melhor para a Lua em Leão - a meu critério - expor-se porque assim pode entregar-se ao aprendizado real, a possibilidade de descobrir seus recursos genuínos e não mover-se com base no imaginário. Mas isto é muito duro e também o é para quem o rodeia. Imaginem a situação do marido de uma Lua em Leão que chega do trabalho cansado, porque quem sabe o despeçam a qualquer momento... e já não se dá conta de que entrou no palácio real! A “rainha” pensará “como não me trouxe flores!” Mas, sem dizer-lhe nada, levantará altivamente a cabeça e o depreciara o resto da noite. Aqui está a dificuldade para vincular-se própria desta Lua.

Nenhum comentário: