Como se desarma este mecanismo?

Com o mecanismo lunar só se pode trabalhar quando a pessoa se compromete ativamente a fazê-lo sobre si mesma. Tenhamos em conta que é a parte mais regressiva de uma, a parte mais incontrolável que, de pronto, atua contra nós. É preciso um grande compromisso para querer ver estes lugares tão infantis e regressivos e atrever-se a descobrir que, na realidade, o que consideramos atributos são em grande medida comportamentos que surgem da insegurança e que constantemente estamos imaginado contextos que são reais. Ser surpreendido no próprio mecanismo lunar implica numa grande nudez, porque se trata de uma intimidade que se desvela. É muito provável que uma Lua em Leão se ofenda a escutar tudo isso e diga que estou exagerando. É certo que estou sublinhando com traços grossos uma série de condutas para que sejam associadas e se façam inteligíveis. Mas ainda num nível mais sutil todo o hábito lunar remete ao isolamento, no sentido que são as capas mais superficiais da própria identidade as que o satisfazem. Imaginem um Sol em Peixes ou em Virgem com a Lua em Leão: a presença do mecanismo lunar pode impedir que se manifestem por muito tempo as qualidades de entrega e colaboração que realmente caracterizam estas pessoas. Em todos os casos há um nível de síntese possível das demais energias com as da lua; mas enquanto dure a identificação, os níveis mais profundos ficarão ofuscados pelos hábitos lunares e não poderão expressar-se com toda a sua potência e criatividade.

Tudo isso indicaria que na Lua em Leão não há uma verdadeira base afetiva?

Não, podem haver feridas e carências mas não precisamente na base e sim produzidas pelo contraste entre esta e as experiências posteriores, ou seja, pelo desenvolvimento do resto da carta. Na realidade pode haver um piso afetivo bastante sólido já que, na primeira infância, esta pessoa foi seguramente muito querida e muito importante para alguém. Isto é algo que dá “um lugar no mundo”, no sentido de que não se trata de alguém “arrasado” afetivamente ou com algum vazio emocional difícil de reparar na sua própria base, como muitas vezes acontece com a Lua em Capricórnio ou em Aquário, nas quais está em jogo um núcleo muito mais carente. Pelo contrário, na Lua em Leão não há tal carência e sim, abundância de afeto no nascimento. O perigo reside em que a pessoa pretende a mesma abundância ligada a sensação de importância durante toda a vida. Isto é o mecanismo desta Lua e por isso o reconhecimento que receba - ainda que receba afetivamente e grandes quantidades - sempre podem parecer-lhe insuficientes.

Para que veja qual é o jogo emocional e onde se produz a marca dolorosa, vou dar um exemplo que é quase literal: o pai de uma criança com a Lua em Leão saiu a caminhar com sua filha por um campo, tirando-lhe várias fotografias; é típico que os pais destas pessoas tenham vários álbuns com fotos, vídeos e gravações de seus filhos. Durante toda a tarde até que, de pronto, o pai registrou que o sol estava se pondo em um acaso maravilhoso, de maneira que desviou a câmara para registrar esse instante” os gritos indignados da filha foram inacreditáveis! E não se acalmou até ele voltou a tirar-lhe fotos com o Sol “simplesmente” atrás dela. Este é um exemplo claro, porque fatos desse tipo, seguramente, ficarão presentes no destino destas pessoas já adultas. Muitas vezes se darão conta que o “foco da atenção” passou a ser algum “sol” e a tendência será repetir a mesma birra até que aflore seu lado mais maduro, ainda que muitas vezes este aparece demasiadamente tarde.

Mas, na realidade essas pessoas vão sentir sempre que deixam de ser o centro.

Este é o ponto pelo qual está é uma “Lua sofredora”... Ou se descobre o mecanismo lunar e o trabalha, ou para essas pessoas nunca haverá segurança suficiente para emergir do pequeno mundo em que se sente importante e admirada.

Também é possível que a identificação tivera lugar por rechaço, é dizer, através de uma matriz “materna” tão potente e alienante na infância que levou a pessoa a polarizar-se - do ponto de vista psicológico - no oposto daquilo que a mãe amava.

Geralmente aqui a mãe é vista como uma rainha insuportável que não dá lugar a seu filho e diante do qual se sente totalmente desvalorizado. Com um olhar atento é possível verificar como condição do afeto e de segurança. Não poder alcançar essa posição gera uma grande insegurança que, de todo modo, pode ser criativa e desafiante. É muito comum que estas pessoas projetem com força seu desejo de ser querido através da posição central que observam em outros, criticando-os com dureza e sentindo-se acima deles com esta atitude. Em geral, realizam um duplo movimento em relação as pessoas que ocupam lugares importantes. Primeiro buscarão ser “elogiados”, para recriar assim o contexto próprio de sua infância; inclusive acreditaram que são especiais para essa pessoa, num nível puramente subjetivo. Mas se isso não é possível ou se produz algum desejo, projetarão sua sombra sobre as mesmas pessoas, mostrando-se muito críticos em relação à elas.

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