As crises da Lua em Virgem

Tudo o que é reprimido, cedo ou tarde, tende a emergir. Por isso, sendo adulto, as pessoas com esta lua podem atravessar crises que parecem tirar suas vidas pelas “ventas”. Podem ser momentos em que o infantil, o espontâneo, o livre, o que não depende de um juízo maduro, rompe de uma maneira necessária, mas desorganizada. Bastará que projete o “restritivo amadurecimento” em alguma pessoa ou grupo, para que as qualidades retidas se polarizem contra a Lua e liberem a tensão acumulada por anos. É certo que dependerá de um amadurecimento real do sistema para que isto se converta em abertura - quem sabe dramática, mas definitivamente necessária para uma posterior integração - ou se depois da explosão, a sensação de “haver falado a mãe” se faça insuportável e o ciclo recomece no mesmo ponto que parou.

Mas, como os pais podem neutralizar isto?

Por exemplo, não caindo no ridículo do hiper-amadurecimento da criança e advertindo que esta, na realidade, satisfaz seus desejos inconscientes de ter um filho perfeito. De todo o jeito, ainda que gritem “que espontâneo és”, a Lua em Virgem apenas perceberá um sussurro e vice-versa, se sussurramos “que ordenado és” o registra plenamente.

Não temos que explicar que a Lua não é externa a criança e sim, que é uma configuração interna que ressoa especialmente nos cenários em que se materializa. Este é o circuito de manifestação da Lua, que evidentemente minimiza as possibilidades de ser reorientado através de comportamentos voluntários.

É claro que é fundamental para um pai ou uma mãe aprender a dar a seus filhos mensagens mais amplas. Como os pais podem ajudar a resolver a Lua de seus filhos? Pois, só compreendem a si mesmos? O que para os pais surge como um comportamento espontâneo é a mensagem da lua. Se sou pai de uma Lua em Virgem e me pergunto preocupado o que fazer, buscando um método seguro para regular a conduta com a intenção de não afetá-lo, fica mascarado a origem de meu desejo de um filho perfeito.

Muitas vezes essa Lua aparece em crianças, cujos pais, geralmente a mãe, tenham renunciado completamente, ou quase que, a organizar sua própria vida. Essa mãe caótica - no econômico, no sexual, com problemas de alcoolismo ou droga - obriga emocionalmente a criança a ocupar o lugar de organizador de sua existência. Do ponto de vista astrológico, esta é uma forma peculiar através da qual se expressa a qualidade virginiana da criança, não é o caso geralmente, mas se manifesta com certa freqüência e é necessário mencioná-lo. O hiper-amadurecimento - energético para nós - se dissolve psicologicamente, nestes casos, a partir de uma necessidade imperiosa de satisfazer uma carência extrema do ser amado, que é a mãe, e essa coloca toda a sua necessidade emocional de ordem na criança. Mas em todos os casos e mais além dos extremos, o importante como mãe ou pai é questionar a imagem, a fantasia ou desejo inconsciente da criança que cada um possui. Devo discutir de que maneira - no imaginário de minha família atual e na história que inclui meus próprios pais e avós - está presente esta idealização que opera mais além de meus desejos conscientes organizando mensagens, gestos, que valorizam aquilo que pretendo corrigir. Na verdade eu como pai ou mãe tenho que aprender a aceitar que a criança venha suja e machucada de um jogo de futebol. “A transformação da Lua da criança é a transformação de seu campo afetivo” não há outra coisa a fazer. Como não devo compreender que sou o destino de meu filho, não no sentido linear de que deve suportar-me como sou, e sim entendendo que só as minhas transformações profundas podem permitir a meu filho um cenário infantil menos dissociado, que propicie a síntese do que corresponde viver na rede de vínculos que aceitamos.

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