Começa a constituir-se o circuito.


Por um ou outro caminho, no princípio da vida o sistema energético tem dado um mínimo de afeto. Pode tratar-se de uma família em que todos trabalham e não há tempo para se dedicar às crianças, quem sabe a mãe não pode permanecer em casa e os avós ou as pessoas que a cuidam não são muito carinhosas, também pode ser certo que a mãe mesma seja fria e distante ou que esteja excessivamente centrada em si mesma. É comum também que estas pessoas tenham nascido em casas austeras, onde não se podia colocar muito esforço em fazê-la confortável e quente. Esta frieza se manifesta no plano físico, por razões econômicas ou não, houve restrições nas comodidades, em particular pouca calefação no lugar. Geralmente a recordação de alguma experiência de frio intenso - diante do qual a única resposta possível foi enovelar-se tremendo - forma parte importante da memória emocional. Por isso, já adultos, a relação com o frio pode ser um sintoma forte desta Lua.

Agora bem, todos esses marcos possíveis - mais ou menos - intensos segundo o caso - podem reforçar com a repetição ao longo dos anos, a marca inicial de ter sido repelida pela mãe. Os componentes do padrão ambiental que descrevemos retornam uma e outra vez, confirmando uma percepção primária que não é fácil de rastrear pontualmente devido à dor que resulta. A sensação de não ser um filho desejado, ou de ter desiludido alguém pelo fato de ser homem ou mulher, ou de ser um estorvo ou um obstáculo para aquilo que os pais queriam no momento. As pautas afetivas posteriores do ambiente familiar se escrevem sobre esta marca, real ou imaginária, reforçando-a e completando o padrão. O centro do conflito psíquico posterior que se desenvolve com esta Lua está edificado sobre a sensação de rejeição e abandono. Por alguma razão, reforçada por cíclicos retornos do padrão, a criança registrou que não era querida e, desta maneira, por um lado convive com esse vazio emocional básico. Por outro, se vê obrigado a captar o que a “mãe” quer que faça, a fim de agradá-la para recuperar o afeto perdido. Aqui é onde aparece o implícito que diz: “ser querido é cumprir”.

Este meio emocional adstringente, que ministrará ao longo da infância estímulos não só poucos quentes e inclusive de rejeição até a criança - pelo menos assim interpretará ele - até que seu corpo se habitue a contrair-se, como se encolhendo sobre si para proteger-se e dar calor a si mesmo. Este hábito contrativo se converte logo em um mecanismo inconsciente e praticamente em uma condição corporal. Cristaliza-se aqui um comportamento básico que retém a energia do corpo e que, no futuro, censurará em um nível muito profundo toda a expansão, relaxamento ou gratificação corporal e existencial. O desenvolver dos sucessivos cenários, propiciará, ao longo da vida, respostas emocionais equivalentes a esse comportamento corporal de contração e encolhimento com o que a pessoa procurará dar calor a si mesma, ou pelo menos, não perder o pouco que tem.

7 comentários:

Susana disse...

Estou em lágrimas ao ler esses textos sobre a Lua em Capricórnio, não acredito como é possível estar tão certo.
Sempre acreditei na Astrologia, mas jamais pensei encontrar algo tão descritivo e infelizmente certeiro.
Realmente minha lua me proporcionou
um sólido vazio interno que hoje me sustenta e me mantem na solidão por anos, me angustia saber que isso era o esperado! Muito obrigada por compartilhar esses conhecimentos!

Lara Moncay Reginato disse...

Por nada, Susana.
É sempre bom saber que podemos ajudar, que podemos fazer com que as pessoas tenham mais consciência de si mesmas e que possam tornar seu mundo melhor.
Sejas bem vinda, irmã de Lua.
Olha os outros posts sobre a Lua em Capricórnio, vais se surpreender com os talentos que essa solidão pode nos proporcionar.
Beijocas e obrigada por participar.

Unknown disse...

Que maravilha encontrar esses escritos,como é incrível e surpreendente essa sensação de ler tendencias tão reais. Organizou grande parte de minha historia de forma clara e pontual.
Parabens pela sua clareza Lara!
A minha solidão capricorniana tem sido bem trabalhada e tento estar sempre consciente dela, a tempos atras dizia que o meu lado "chato" era fruto da minha lua em capricornio, mas falava isso sem muita compreensão... mas ler isso agora me clareou muita coisa, não sei mais se chamaria de "chato". Muito bom como vc trouxe a ideia de "talento", transformou a minha imagem. Obrigada!

Lara Moncay Reginato disse...

Que bom Camile, fico muito feliz sempre que alguém consegue alguma resposta de si mesmo. Obrigada por participar e me dar esse retorno tão importante.
Beijocas

Sofia♌️♎️♑️ disse...

Leio estes textos e lagrimas me correm pelo rosto.
Descrição completa de mim mesma, e de como minha familia lida comigo, incluindo minha progenitora. Então o anterior me fez chorar muito.

Anônimo disse...

Olhe.... é inegável o impacto emocional que a primeira leitura deste texto provoca.

Eu fiquei simplesmente aturdido... Tanto pela "forma" do texto, é muito bem construído, quanto pelo seu "conteúdo"... A escolha das imagens que ilustram o texto tb foi absolutamente certeira e funcionam como um mecanismo que não nos distrai.. convida para a reflexão.

Muito obrigado..

Depois, passei a retomar periodicamente os textos como instrumento de auto-reflexão...Entendi bem o q trabalhar e estou tentando. Pq, realmente, a generosidade de assinalar os talentos possíveis de uma lua com aspectos tão lúgubres ilumina a sua face escura.

Muito grato Lara!

Lara Moncay Reginato disse...

Grata fico eu por seus comentários e por poder de alguma forma contribuir.