A inércia do material.

Num nível mais amplo, a associação entre o tangível e o seguro faz estas pessoas bem desconfiadas. Como São Tomás, só crêem no que tocam ou quando algo se concretiza. Quando o mecanismo está ativo, se não há presença física e contundência significativa de algo, é como si não existissem. Isto dificulta a confiança na própria criatividade, que deverá mostrar-se em plasmações muito visíveis antes de ser subjetivamente reconhecida. Pode resultar algo particularmente complexo em uma estrutura com muito fogo, por exemplo, porque tardará em compreender de onde surge a insegurança que o impede de expressar o que sente, ou que não permite ampliar seu campo criativo. A sua vez, pode ser um problema se o resto do sistema leva a pessoa a dedicar-se a atividades relativamente abstratas. Se não resolve seu mecanismo lunar nunca haverá uma entrega absoluta a suas tarefas e não poderá manifestar toda a sua potência, por que sua Lua teme especificamente o que não tem tangibilidade, corpo ou matéria. O nível lunar neste caso, não crê naquilo que o resto do sistema tenha eleito.

Esta necessidade de afirmar-se nas coisas e situações tem sua correlação, em um nível interpessoal, na possessividade e nos romances. A necessidade de uma presença afetiva que garanta a solidez do mundo até que em nível mais infantil queira apropriar-se das pessoas que ama. Quando o mecanismo está ativo, se em adulto com Lua em Touro sente que o mundo em que tenham voltado seu afeto e relação de segurança não lhe pertence - é dizer, é livre para o contato independente dele - algo se assusta e se sente muito inseguro. Estas sensações, nascidas de um temor irracional que alinha a imobilidade do mundo, gatilham fortes intenções que se expressam com traços equivocados caprichosos e infantis.

Devemos diferenciar o controle e a possessividade com produtos da manifestação da própria energia - modalidades típicas de um Sol em Touro - do que ocorre com a Lua. Obviamente, para uma pessoa com o Sol em Touro o tema das necessidades materiais se expressa também de maneira fundamental e constitutiva, mas neste caso é ao mesmo tempo uma questão natural. Uma coisa é a manifestação da própria natureza materializadora e outra é pânico de que o mundo ao redor perca sua imutabilidade e consistência, porque este é o único contexto em que se encontra segurança. Em um Sol taurino, a necessidade de materializar não é dependência e sim expressão de si mesmo. A Lua, no contato, necessita dramaticamente estar rodeada de contato físico, beleza, dinheiro e permanência, mas pode carecer das qualidades para gerá-los. Em princípio a Lua em Touro privilegiará inconscientemente as necessidades econômicas a todos os demais e se esforçará para obter o mais rápido possível uma base material segura, se o mecanismo persiste, nada será suficiente. Por exemplo, é pouco provável ver essas pessoas morando em uma casa alugada. Ter uma casa própria é quase uma condição da existência e é visível sua consolidação psicológica quando isto está realizado. Mas gerar dinheiro é difícil - inclusive quando não é assim, mas o mecanismo segue muito ativo - é comum ver essas pessoas em busca mais ou menos inconsciente de um contorno emocional onde exista gente com muitos bens acumulados. Ainda que estes nunca venham a percebê-lo, ter laços afetivos - reais ou imaginários - com quem possui relativa abundância material, expressa o sentimento da criança assustada que busca garantir-se em um mundo estável, ainda que se encontre depositado em outros ou exposto a desilusão.